O ministro iraniano do Petróleo, Biyan Zangané, pediu neste domingo (29) a
todas as empresas e instalações do setor petrolífero do país que estejam
em estado "totalmente alerta" face a um possível ataque físico ou
cibernético dos Estados Unidos. Zangané, que recentemente supervisionou a segurança de várias
refinarias, ordenou que todas "as medidas administrativas, técnicas e
operacionais necessárias para proteger as instalações" sejam adotadas de
imediato.
As declarações do ministro iraniano foram feitas na sequência da
ponderação que os Estados Unidos admitiram estar fazendo sobre a
possibilidade de realizar um ataque seletivo contra o Irã que, entre
opções, inclua ataques cibernéticos contra refinarias e outras
instalações do setor de energia.
A avaliação dos Estados Unidos surge como represália pelos ataques,
em 14 de setembro, contra duas instalações da companhia de petróleo
saudita Aramco, pelas quais os EUA e a Arábia Saudita responsabilizam o
Irã, embora o governo iraniano negue qualquer envolvimento.
Biyan Zangané disse ser necessário estar preparado para "enfrentar
situações de emergência e minimizar qualquer dano, quer nas instalações,
quer dos habitantes" da área, informou a agência oficial iraniana de
notícias.
A tensão entre o Irã e os Estados Unidos tem aumentado desde o ano
passado, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou o país do
acordo nuclear de 2015 e impôs novamente sanções ao Irã. O acordo de 2015, concluído após vários anos de esforços
diplomáticos, prevê uma limitação do programa nuclear iraniano em troca
do levantamento das sanções internacionais contra o país.
No entanto, em maio de 2018, os Estados Unidos decidiram retirar-se
unilateralmente do acordo e restabeleceram sanções punitivas contra o
Irã, impedindo a recuperação econômica pretendida pelo país. Um ano depois, em maio de 2019, e após ter aguardado sem sucesso que
as outras partes do acordo - França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e
China e União Europeia - ajudassem o país a contornar as novas sanções
norte-americanas, o Irã anunciou que ia alterar progressivamente alguns
dos compromissos assumidos.
No início de julho, o governo iraniano anunciou o aumento do limite
imposto às suas reservas de urânio enriquecido para 4,5%, ultrapassando o
máximo autorizado pelo acordo (3,67%).
O chefe da diplomacia iraniana, Mohamad Yavad Zarif, garantiu, numa
entrevista dada ontem (28) à estação norte-americana NBC, que os Estados
Unidos "começaram uma guerra cibernética", garantindo, sem fornecer
detalhes, que instalações nucleares foram atacadas "de uma maneira muito
perigosa e irresponsável, que poderia ter matado milhões de pessoas".
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