O Banco Central (BC) aumentou ligeiramente a previsão de crescimento
da economia para este ano e prevê, ainda com “elevado grau de
incerteza”, melhora no ritmo de expansão em 2020.
A projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de
todos os bens e serviços produzidos no país, passou de 0,8% para 0,9% em
2019, de acordo com o Relatório de Inflação, divulgado nesta quinta-feira (26), em
Brasília.
“Para o PIB de 2020, ainda com elevado grau de incerteza, projeta-se
crescimento de 1,8%. Ressalte-se que essa perspectiva está condicionada
ao cenário de continuidade das reformas e ajustes necessários na
economia brasileira e pressupõe que o ritmo de crescimento subjacente da
economia, que exclui os efeitos de estímulos temporários, será
gradual”, disse o relatório, divulgado trimestralmente.
De acordo com o documento, o resultado melhor que o esperado para o PIB do segundo trimestre de deste ano favoreceu o ajuste na estimativa para 2019. “A projeção ora apresentada considera ritmo de crescimento ainda
lento no terceiro trimestre, em linha com indicadores coincidentes
divulgados até o momento, e aceleração no quarto trimestre, para a qual
deve contribuir o impulso das liberações extraordinárias de recursos do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Programa de Integração
Social (PIS)/Programa de Formação de Patrimônio do Servidor Público
(Pasep)”, afirma o Relatório de Inflação.
A previsão para o crescimento da agropecuária passou de 1,1% para
1,8%. Segundo o BC, essa revisão é compatível com o resultado mais
recente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aumentou a estimativa
de safra para alguns produtos com elevada participação no setor da
agricultura, como soja e milho.
A projeção para o desempenho da indústria apresentou ligeira redução
de 0,2% para 0,1%, com recuo na estimativa para a indústria extrativa e
elevação ou estabilidade nos demais setores. “A redução na projeção para a indústria extrativa, de 1,5% para
-1,6%, reflete diminuição no prognóstico da Petrobras para produção de
petróleo em 2019 e a expectativa de que a recuperação da produção de
minério de ferro, após o rompimento da barragem de mineração em
Brumadinho, ocorra de forma mais gradual”, afirma o documento.
Em sentido oposto, acrescenta, após o resultado do segundo trimestre,
as estimativas para a indústria de transformação e para a construção
civil foram revisadas de -0,3% para -0,2% e de -1,0% para 0,1%,
respectivamente. A previsão de crescimento para produção e distribuição de eletricidade, gás e água foi mantida em 2,8%.
A estimativa de crescimento para o setor de serviços em 2019 foi
mantida em 1%. “Há, contudo, mudança relevante na composição, com
aumentos nas estimativas para comércio (reflexo da ligeira melhora na
previsão para a indústria de transformação e dos efeitos das liberações
extraordinárias de recursos), serviços de informação, atividades
imobiliárias e aluguel e outros serviços; compensados por reduções nas
estimativas para os setores de transporte, armazenagem e correio,
intermediação financeira e serviços relacionados e administração, saúde e
educação públicas”, explica o relatório.
Já a previsão para o crescimento do consumo das famílias foi revista
de 1,4% para 1,6%, incorporando impacto da liberação extraordinária de
recursos do FGTS e do PIS/Pasep.
A projeção para o crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo
(FBCF) – investimentos - recuou de 2,9% para 2,6%. A estimativa para o
consumo do governo passou de crescimento de 0,3% para queda 0,3%,
repercutindo o resultado do segundo trimestre.
A estimativa de exportações de bens e serviços passou de crescimento
de 1,5%, no relatório divulgado em junho, para queda de 0,5% e para as
importações, de expansão de 3,8% para 1,9%. “O recuo na projeção para as
exportações reflete redução no prognóstico para as vendas externas de
petróleo e o aprofundamento da crise na Argentina, importante destino
para bens industrializados.”
A diminuição na estimativa para as importações decorre do resultado
abaixo do esperado no segundo trimestre. Nesse cenário, diz o relatório,
as contribuições da demanda interna e do setor externo para a evolução
do PIB em 2019 são estimadas em 1,2 ponto percentual e queda de 0,3
ponto percentual, respectivamente.
A previsão para 2020 é que as atividades da agropecuária, da
indústria e de serviços avancem 2,6%, 2,2% e 1,4%, respectivamente. O
Banco Central destacou a expectativa de aumento da produção de petróleo e
de continuidade da recuperação da produção de minério de ferro.
As taxas de crescimento esperadas para o consumo das famílias e para a
Formação Bruta de Capital Fixo são de 2,2% e de 2,9%, respectivamente.
“Em cenário de restrição fiscal, o consumo do governo deve registrar
expansão modesta, de 0,5%”, acentua o estudo. Exportações e importações de bens e serviços devem crescer 1,7% e
1,6%. O BC só espera por contribuição da demanda interna para o
crescimento do PIB, estimada em 1,8 ponto percentual.
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