Devido à pandemia, a pré-inspeção do tabaco, uma das exigências do
protocolo bilateral de comércio entre Brasil-China, ocorreu sem a presença dos
técnicos da Administração Geral das Alfândegas da
República da China (GACC). Em acordo com o GACC, o Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (MAPA) ficou encarregado da coleta das amostras do produto
processado e envio à Central Analítica da Universidade de Santa Cruz do Sul
(UNISC) para testes laboratoriais que comprovem a fitossanidade do tabaco
brasileiro antes do embarque.
O encerramento oficial das atividades ocorreu na última
sexta-feira, 31 de julho, por videoconferência, e reuniu representantes do
Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e empresas
exportadoras, do MAPA e UNISC. O presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, abriu
a reunião.
“Dizer que estamos chegando ao final deste processo em um ano
atípico e cheio de desafios como este já é uma grande vitória, o que só foi
possível com o empenho de todas as entidades e empresas envolvidas nesse
processo. A China é um dos maiores importadores do tabaco brasileiro, ajudando
a fortalecer cada vez mais toda a cadeia produtiva no País. Ficamos satisfeitos
que em 2020 houve um acréscimo no volume comprado, ou seja, mais tabaco foi
comprado comparativamente que o ano passado e esperamos que isso seja uma curva
ascendente”, ressaltou Schünke.
Roque Danieli, da
Superintendência do MAPA no RS, apresentou o resultado das análises realizadas
e que serão despachadas à China para parecer final. Segundo ele, foram 58
amostras coletadas nos lotes de tabaco processados por sete empresas. “Todas
cumpriram os requisitos sanitários e não foram detectadas pragas quarentenárias
constantes no protocolo”, informou.
Ele também comentou que técnicos do MAPA têm realizado
inspeções no campo para averiguar o uso de agrotóxicos. “Percebemos que os
produtores de tabaco não estão utilizando nenhum produto fora daqueles
registrados e autorizados pelo MAPA. É o setor que menos tem tido problemas no
assunto de defensivos, muito em função da PI Tabaco que teve a participação do
MAPA na sua implementação. Temos verificado que ao longo dos anos a qualidade
do tabaco vem melhorando e, considerando que esse é um trabalho das equipes de
campo, salientamos que esse trabalho deve continuar, uma vez que é também um
relevante fator para o comércio internacional”, ressaltou.
A responsável técnica do laboratório da Central Analítica da
UNISC, professora Adriana Dupont, destacou que a inspeção é apenas uma parte do
trabalho que vem sendo realizado e muito importante para a Região Sul do País.
Dupont explicou que foram 40 dias de intenso trabalho avaliando o tabaco
processado para poder entregar os laudos dentro do prazo, destacando que não
foram encontradas estruturas viáveis de pragas quarentenárias, o que deve
resultar na autorização de embarque do produto pelas autoridades
chinesas.
Izabela Mendes Carvalho, chefe da divisão de programas especiais
do Ministério da Agricultura em Brasília, parabenizou a todos pelo excelente
trabalho. “Este é um trabalho conjunto e que viabilizou por mais um ano a
exportação do tabaco brasileiro para a China, cumprindo com todas as exigências
sanitárias do mercado chinês. Os inspetores da GACC e representantes comerciais
não puderam vir ao Brasil devido às circunstâncias e agradecemos pela confiança
no Ministério da Agricultura que ficou encarregado pela coleta, monitoramento e
todo o processo de certificação fitossanitária. Esclarecemos que todos os
procedimentos foram rigorosos no sentido de garantir a segurança do tabaco a
ser exportado”, concluiu. Izabela informou ainda que nesta segunda-feira, 03 de
agosto, “todos os documentos serão encaminhados para a China para que possam
ser analisados e processados da forma mais rápida possível”.
Xinghua Zhou, presidente da China Tabaco Internacional do Brasil (CTIB),
informou que o objetivo agora é conseguir o mais rápido possível o resultado da
GACC. “Depende do órgão chinês a aprovação para embarcar para a China. Temos
mais uma etapa pela frente e esperamos que esse momento de embarque se
concretize o mais rápido possível”, comentou o executivo.
A China é um importante parceiro do agronegócio brasileiro há
alguns anos e isso também acontece no setor do tabaco: em 2017 figurou como
segundo maior país comprador do tabaco brasileiro, gerando US$ 276 milhões em
divisas, o que representou 13% do total embarcado no ano. Em 2018, devido a
questões logísticas e à decisão do cliente de postergar embarques para o
primeiro semestre de 2019, o país figurou na terceira
colocação, com US$ 165 milhões embarcados. Em 2019, voltou à segunda colocação,
com US$ 383 milhões.
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