A Organização Mundial do Comércio (OMC) inaugurou neste domingo sua
11ª Conferência Ministerial, na capital argentina Buenos Aires. É a
primeira vez que o evento é realizado em um país sul-americano desde a
sua criação, em 1995. Nesta edição, é grande a expectativa para impedir a
paralisação das negociações multilaterais entre os 164 membros da OMC e
garantir a sobrevivência do órgão que regula o comércio internacional.
“A
situação e de extrema preocupação”, disse o secretário-geral da OMC, o
brasileiro Roberto Azevedo (foto), em entrevista antes do inicio da
conferência. “Não vou apontar o dedo [para um país]. O que precisamos é
de um esforço coletivo para superar os problemas”, acrescentou.
O
maior obstáculo, no momento, são os Estados Unidos, que bloquearam a
nomeação de três dos sete juízes do Órgão de Apelação - uma espécie de
Corte Suprema do comércio internacional. Já há algum tempo o governo
norte-americano vem questionando o mecanismo de solução de controvérsias
da OMC, especialmente depois de ter perdido vários processos. Agora, o
presidente Donald Trump elevou o tom da crítica e já deixou claro que
prefere negociações bilaterais às multilaterais.
Além das
questões relativas às negociações, Azevedo também citou como um dos
desafios a serem discutidos na conferência o efeito da evolução da
tecnologia na produção industrial, que tem levado ao fechamento de
fábricas e redução no número de empregos. Para o secretário-geral da
OMC, a solução para esse problema não é o protecionismo.
“Na
crise de 2008, os países não ergueram barreiras ao comércio como no
passado porque a OMC garantia certa estabilidade”, disse Azevedo,
referindo-se à Grande Depressão econômica, que teve inicio em 1929 e
durou até a Segunda Guerra Mundial. A solução, argumentou, é avançar na
abertura de mercado em outros setores como comércio eletrônico,
ampliação do financiamento e de medidas para integrar melhor pequenas e
médias empresas.
Os presidentes do Brasil, Uruguai e Paraguai
viajaram à Argentina para a abertura da conferência da OMC e para um
encontro posterior entre os chefes dos quatro países-membros do Mercosul.
O bloco regional quer assinar, ainda na próxima semana, um compromisso
político com a União Europeia (UE), com a qual está negociando um acordo
de livre comércio.
Às
vésperas do encontro da OMC, a jornalista inglesa Sally Burc e o
ativista norueguês Peter Titland denunciaram que foram deportado da
Argentina. Ambos fazem parte do grupo de 60 pessoas cujo pedido de
credenciamento para a reunião foi negado.
Em entrevista, a
ex-chanceler argentina Susana Malcorra, que presidirá a conferência
ministerial, negou que o país estivesse querendo limitar a participação
de organizações não-governamentais ou da sociedade civil. Ela lembrou
que 600 pessoas tiveram seu credenciamento aprovado, número superior ao
das 60 vetadas.
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