O governo
não pretende rever a projeção para o saldo da balança comercial deste
ano, que deve ficar entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões, apesar da recente valorização do real frente ao dólar. Segundo o diretor Departamento de Estatísticas e Apoio à Exportação do
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Herlon Brandão,
mesmo com o câmbio no patamar de R$ 3,20, a estimativa será mantida, ao
menos por enquanto.
"Essa oscilação do dólar acontece e não influencia no curto prazo
os negócios", argumentou Brandão. Para ele, boa parte dos exportadores
já comercializou sua produção. "Apenas uma mudança permanente no patamar
do dólar e por um período mais longo pode influenciar a balança,"explicou.
No primeiro semestre deste ano, de acordo com Brandão, o câmbio médio atingiu
o patamar de R$ 3,70, bem maior que o câmbio médio de 2015, de R$ 3,34,
e o valor médio do dólar no primeiro semestre do ano passado, de R$
2,97. "Nossa estimativa de superávit comercial considera um câmbio médio
superior ao de 2015", afirmou, acrescentando que o mercado acredita
que o dólar deve encerrar o ano em R$ 3,60, segundo a mais recente
pesquisa Focus.
O diretor ressaltou que o superávit no primeiro semestre, de R$ 23,6
bilhões, bateu o recorde anterior, de R$ 20,6 bilhões, verificado nos
seis primeiros meses de 2007. De janeiro a junho deste ano, as
exportações caíram 5,9%, principalmente em razão da queda dos preços dos
produtos, queda da demanda externa e baixo crescimento da economia
internacional. No período, a quantidade exportada aumentou 9,8%,
enquanto os preços recuaram 14,8%.
As importações, por sua vez, tiveram queda de 28,9% no primeiro semestre, com
queda tanto nos preços (10,8%) quanto nas quantidades (20,1%)
comercializadas. Nesse caso, a redução está associada à redução da
atividade econômica do país, que tem impacto na demanda por bens
importados.
O diretor destacou que as exportações de soja neste semestre
atingiram um recorde de 38,5 milhões de toneladas. Também entre janeiro e
junho, houve recorde nas exportações de petróleo, com 19,7 milhões de
toneladas, e milho, com 12,2 milhões de toneladas.
Houve, ainda, recorde
na quantidade de minério de ferro exportada, de 177,3 milhões de
toneladas. O País exportou 272 mil unidades de veículos, principalmente
para Argentina, México, Colômbia, Chile, Paraguai e Uruguai. Em relação à Conta Petróleo, as exportações caíram 37,6% no
semestre, e as importações recuaram 48,4%.
Desta forma, o déficit da conta
petróleo caiu de US$ 3,6 bilhões no primeiro semestre de 2015 para US$
957 milhões neste ano. Sem o efeito do petróleo, as exportações
brasileiras tiveram queda de 2,5%, e as importações, recuo de 25,8%.
O superávit da balança comercial em junho, de US$ 3,974 bilhões,
foi 12,3% menor que o verificado no mesmo mês do ano passado. As
exportações caíram 18,6%, e as importações recuaram 19,3% na comparação
com junho de 2015.
Segundo Brandão, dois motivos explicam a queda nas exportações. Um
deles é a safra de soja, cujo pico, no ano passado, ocorreu em junho.
Além disso, em junho do ano passado, houve a exportação de uma
plataforma de petróleo no valor de US$ 690 milhões. "Não tivemos
plataforma este ano e o pico da soja foi em abril", afirmou.
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