O presidente da Abifer (Associação Brasileira das Indústrias Ferroviárias), Vicente Abate, foi recebido pelo ministro dos Transportes, Portos e Aviação
Civil, Maurício Quintella, em Brasília. “Foi um
encontro positivo, onde colocamos que o setor cresce na medida em que o
transporte ferroviário se expandir”, disse o dirigente, esclarecendo que se referiu a movimentação de carga e passageiros.
No encontro foi discutida a repactuação das concessões atuais para
que as permissionárias consigam fazer maiores investimentos. Abate
lembrou que o Programa de Investimento em Logística (PIL), segunda
edição, lançado em 2015, prevê investimentos da ordem de R$ 86 bilhões
nas ferrovias. “Esses recursos já estão acontecendo, mas podem avançar
mais com as repactuações”, afirmou Abate.
Ele explicou que as empresas se sentem mais
seguras em aplicar recursos com um prazo maior para amortização desses
investimentos. “Não é um prazo seguro ter apenas dez anos pela frente,
ter mais 30 anos é melhor”, observou.
Por isso, salientou, a Abifer dá
apoio total à prorrogação dos contratos atuais das concessionárias
ferroviárias do País. “Nessa reunião, deu para perceber que o governo
entende que isso leva a novos investimentos e ao crescimento de todos”, revelou o presidente.
Na audiência com o ministro, também foi tratada a renovação da frota
ferroviária. “É um tema que estamos conversando há mais de dois anos junto
ao governo e às próprias concessionárias", destacou. Segundo Abate, estudos a
respeito foram feitos há dois anos com o governo, mas ainda não saíram do
papel. "As eleições de 2014 e o ajuste fiscal interromperam esse
processo", lamentou.
Mas agora, disse, o assunto voltou à baila. "Sabemos
que está em elaboração, inclusive, uma medida provisória (MP) que dispõe
sobre a venda da frota, por parte das concessionárias, com mais de 40
anos de uso e com a obrigação de aplicar o que for levantado nessa venda
em vagões e locomotivas e na própria manutenção das vias permanentes,"relatou. “Tirar essa frota antiga ineficiente por uma mais moderna
significa ganhar produtividade,"completou.
Abate informou que dos cerca de 120 mil vagões existentes no país, 40
mil têm idade avançada de mais de 40 anos - a vida útil desse
equipamento, em média, é de 30 anos. “A proposta é trocar esses 40 mil
por equipamentos mais modernos numa quantidade equivalente a 18 mil. Ou
seja, você teria melhor rendimento com produto mais moderno que tem
menor peso, o que confere maior velocidade de carga e descarga. Faríamos
com 18 mil o que se faz hoje com 40 mil,”calculou.
Esses vagões, esclareceu, como são antigos, não têm a tecnologia
atual e pesam de cinco a dez toneladas a mais do que os modernos. “Conseguimos transformar em capacidade útil de carga quando se reduz
o peso do vagão e se tem sistemas automatizados de carga e descarga.
Fora isso, os vagões antigos eram usados para qualquer tipo de carga,
hoje eles são customizados – isso dá uma produtividade maior também”,
defendeu. “Existe uma obsolescência natural ao longo de 30
anos,” revelou.
No caso das locomotivas, contou, é a mesma coisa. A
frota atual é de 3.600 unidades, dessas, 1.400 têm mais de quatro
décadas. “Nesse caso, estamos querendo trocar 1.400 por 600 novas
locomotivas, com potência de 4.400 HP ante 1.200 HP das antigas. Elas
também significam redução de consumo de combustível e admitem o
biocombustível. “E estamos falando de vagões e locomotivas totalmente
fabricados no Brasil. Isso é importante,” finalizou Abate.
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