A mudança na dimensão da recessão interna refletindo
nas importações, combinado com o nível de crescimento da China impactando as
exportações de commodities e a crise na Argentina prejudicando as transações envolvendo
manufaturados, levaram a AEB (Associação de Comércio Exterior do
Brasil) a alterar sua projeção para os resultados da balança comercial
de 2016.
As exportações deverão alcançar US$ 187,504 bilhões, valor superior aos US$ 187,443 bilhões previstos em dezembro do ano
passado. Já as importações foram revisadas para baixo: de US$ 158,215
bilhões para US$ 140,570 bilhões. A entidade recalculou ainda sua projeção
para o superávit, que passou de US$ 29,228 bilhões para US$ 46,934 bilhões.
A
recente valorização cambial do real e a saída do Reino Unido da União
Europeia, segundo o relatório da Associação também poderão impactar
negativamente as exportações de manufaturados ainda esse ano. A AEB indicou também que 60% dos negócios estão concentrados na Aladi e nos Estados Unidos.
Conforme o relatório produzido pela entidade a projeção dos dados da
balança comercial para 2016 mostra desaceleração, com as exportações de
US$187,504 bilhões sinalizando queda de 1,9% em relação a 2015, as
importações de US$140,570 bilhões redução de 18% e o superávit de
US$46,934 bilhões elevação de 138,4%.
O
superávit de US$ 46,934 bilhões previsto para 2016 será, uma vez mais,
um “superávit negativo”, pois será devido à queda das importações ser
maior que a redução das exportações, e não por elevação das exportações.
Ainda assim, este superávit, caso se confirme, será recorde histórico,
superando os US$ 46,456 bilhões apurados em 2006.
O ajuste nas
exportações teve como destaque três principais produtos: soja em grão,
minério de ferro e petróleo, que de acordo com o relatório podem
representar 23,1% das exportações em 2016, menos que os 24,5% em 2015.
Pelo
segundo ano consecutivo, a soja será o principal produto de exportação
do Brasil. Até a 1ª quinzena de julho foram embarcadas 42 milhões de
toneladas de soja em grão, representando 76,4% das 55 milhões de
toneladas programadas para embarque em 2016.
A
AEB trabalha com a estimativa de que 2016 deverá ser o quinto ano
consecutivo de queda das exportações, passando de US$ 256,039 bilhões em
2011 para estimados US$ 187,504 bilhões em 2016, queda de 26,8%. O
superávit de US$ 46,934 bilhões projetado para 2016, apurado nesta única
revisão anual, é 60,5% superior aos US$ 29,228 bilhões projetados em 16
de dezembro de 2015”, mostra o relatório da Associação.
Apesar da
taxa cambial mais favorável vigente no 2º semestre de 2015 e no 1º
semestre de 2016, a participação dos produtos manufaturados na pauta de
exportação permanecerá praticamente inalterada em torno de 38%. Mas a
associação advertiu que a taxa cambial ajuda, mas não resolve o problema do
elevado "Custo-Brasil", que prejudica a competitividade na exportação.
A
previsão da OMC de crescimento de 2% do comércio mundial em 2016 e a
queda de 2,1% prevista nas exportações brasileiras deverá reduzir de
1,16% para 1,11% a participação do Brasil nas exportações mundiais,
segundo a projeção da Associação que ainda alertou para uma possível
perda de posição no ranking de exportação, que hoje se encontra na 25ª
posição. Estas projeções foram baseadas nos cenários e perspectivas
atuais, com mudança na dimensão da recessão interna refletindo nas
importações, no nível de crescimento da China impactando exportações de
commodities e crise na Argentina refletindo nos manufaturados.
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