Após subir ao patamar de R$ 3,29 nos primeiros negócios em meio à
queda do petróleo e expectativas do leilão de swap reverso, o dólar
passou a cair, renovou mínimas no começo da tarde e fechou em baixa. A
perda de força se apoiou na ata da reunião do Copom da semana passada,
que consolidou a ideia no mercado de que a Selic não será reduzida no
encontro do colegiado em agosto, mas poderá começar a cair apenas em
outubro. A recuperação de preços do petróleo no começo da tarde contribuiu ainda para o recuo do dólar ante o real.
Com a perspectiva de continuidade da Selic em 14,25% por um tempo
maior e as especulações sobre novos estímulos do Banco do Japão (BoJ)
nesta sexta-feira e do Banco da Inglaterra (BoE) no início de agosto, os
agentes de câmbio apostaram em ingressos de recursos no mercado local.
Além disso, está no radar a reunião de política monetária de dois
dias do Federal Reserve (Fed), que termina amanhã. A expectativa é de
que o comunicado do encontro poderá trazer algum sinal sobre quando o
juro voltará a subir nos Estados Unidos. A taxa dos Fed Funds aumentou
para a faixa de 0,25% a 0,50% em dezembro de 2015.
Na visão do mercado, captada pelo Broadcast Projeções, o teor da
ata do Copom descarta o início do processo de corte da taxa de juros em
agosto, mas sugere que será feito em algum momento deste ano. O
entendimento é de que o BC vai esperar para ver efeitos mais evidentes
de desinflação na economia para somente depois começar a reduzir os
juros. Contudo, para alguns profissionais, se o ajuste fiscal não
evoluir, há risco de o processo de corte dos juros demorar mais para
acontecer.
O gerente de Tesouraria do Banco da China no Brasil, Jayro Rezende,
disse que "quanto mais o BC postergar o início do ciclo de afrouxamento
monetário, o governo ganhará tempo para fazer a lição de casa na área
fiscal". Segundo ele, a ata diz que medidas de ajuste são tão
importantes quanto a política monetária e que ambas não podem andar de
maneira isolada.
Apesar da previsão de Selic estável por mais algum tempo, Rezende
avalia que a economia interna não é confiável a ponto de justificar uma
entrada grande de recursos estrangeiros. Por isso, em sua avaliação, a
queda do dólar foi bem discreta hoje.
"Sempre tem vindo algum fluxo real para investimento direto, e
algum fluxo especulativo para bonds (títulos públicos). Mas há ainda uma
situação de descompasso no mercado de câmbio", afirma ele. "A entrada
de recursos pela via financeira tem sido vista através do mercado de
derivativos. Tanto que, de março para cá, o BC reduziu quase à metade o
estoque de swap tradicional, por meio de leilões de swap reverso",
descreveu. Hoje em dia, segundo Rezende, o fluxo físico à vista é fraco e
puxado principalmente pela conta comercial.
No mercado à vista, o dólar fechou cotado a R$ 3,2720, em baixa de
0,50%. O volume financeiro registrado na clearing da BM&FBovespa
somou cerca de US$ 1,138 bilhão. No mercado futuro, o dólar para agosto
encerrou em baixa de 0,50%, aos R$ 3,2805. O volume financeiro
movimentado somou cerca de US$ 11,348 bilhões.
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