Líderes de oposição viram com desconfiança a estratégia do PT de
acelerar a análise do pedido de impeachment da presidente Dilma
Rousseff. Para DEM e PPS, o governo quer que o assunto seja discutido
durante as férias de janeiro. "Há uma intenção suposta da base do governo de acelerar a avaliação
do impeachment para que isso ocorra em janeiro, um mês de férias, onde
boa parte da sociedade estará desmobilizada", sustentou o líder do DEM,
Mendonça Filho (PE).
Ele garantiu não ser contra a suspensão do recesso parlamentar de
janeiro, mas disse que é preciso levar em consideração que pode estar em
curso uma manobra dos governistas para que a opinião pública não
acompanhe o processo, o que poderia contribuir para a ação ser
"enterrada" antecipadamente na Câmara.
Mendonça Filho reiterou que o DEM não mudará sua posição em relação
à continuidade do processo por quebra de decoro parlamentar contra o
presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e criticou o fato de o
governo estar "misturando" a questão do impeachment com a possibilidade
de cassação do peemedebista.
"As acusações são de parte a parte. Não vou entrar nessa discussão
porque isso não interessa à oposição", declarou. Ele defendeu que se não
houver recesso, o Conselho de Ética funcione em paralelo "desde que
isso não signifique uma manobra do governo". O DEM ainda apresentará os
nomes que integrarão a comissão especial do impeachment.
O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), disse que mais importante é a
oposição discutir uma estratégia para a próxima semana e avaliar a
repercussão na sociedade com o deferimento do pedido de impeachment.
"Queremos saber da mobilização da sociedade. Os parlamentares vão neste
fim de semana a suas bases e voltarão com algum tipo de informação para
sabermos como vamos tratar isso. Não sei se o recesso ajuda ou
atrapalha", comentou. Na opinião de Bueno, cabe agora às ruas darem
condições para que os parlamentares sejam "sensibilizados".
Assim como Mendonça, o líder do PPS deduziu que, ao acelerar a
análise do impeachment, o Palácio do Planalto pode estar apostando no
"sufocamento" do processo. "A oposição não tem de fazer parte da
estratégia do governo", pregou Bueno. O deputado do PPS defende que se o
Congresso não for paralisado em janeiro, o Conselho de Ética também tem
de funcionar.
Bueno lembrou que os mercados reagiram bem ao início do processo de
impeachment e que agora é preciso buscar uma "unidade de pensamento
nacional" para "recuperar o que se perdeu". O líder do PPS defende que
Dilma renuncie. "Aí sim distensionaria e colocaria um momento novo, de
ajuste da política e da economia", avaliou.
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