segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Crise política e econômica não tira o ânimo de empresários japoneses em investir no Brasil

         A crise econômica e política do Brasil abalaram mas não tiraram o ânimo das empresas japonesas para investir no país. Os dados do Banco Central (BC) divulgados no fim de novembro indicaram que, apesar da queda de US$ 1,6 bilhão nos aportes - de US$ 3,78 bilhões, entre janeiro e outubro de 2014, para US$ 2,1 bilhões, no mesmo período deste ano -, a participação do Japão corresponde a 5,15% do total de US$ 40,74 bilhões aplicados por empresas estrangeiras no país nos dez primeiros meses do ano.
          O valor manteve o Japão no quinto lugar que ocupa desde 2013 entre os maiores investidores no Brasil. De acordo com Alberto Mori, sócio do Trench, Rossi e Watanabe Advogados, um dos escritórios que assessoram capitais japoneses no Brasil, nos últimos 12 meses a atividade das empresas japonesas interessadas no Brasil foi maior do que no ano anterior, resultado que, lembra, só aparece nas contas do BC tempos depois. Para José Roberto Martins, outro sócio do escritório, em 2016 números continuarão acima de US$ 2 bilhões.
         Segundo Martins, apesar da recente concentração no agronegócio, as empresas japonesas mantêm interesses diversificados no Brasil. Setores de infraestrutura, como o portuário, óleo e gás e tecnologia estão entre os mais demandados. Na área de fármacos também há novidades em estudos pelos nipônicos, embora europeus e norte-americanos atuem mais agressivamente nesse mercado. Para Mori, as empresas do Japão estão acompanhando "com cautela" o debate institucional que ocorre no Brasil e não veem risco para investimentos de longo prazo.
         Na avaliação de Rodrigo Ferreira Figueiredo, sócio do escritório Mattos Filho, que também presta assessoria a empresas japonesas, o fato de apenas uma das 13 operações de capital entre os dois países, nos últimos 12 meses, não ter tido capital japonês na ponta compradora prova que não houve arrefecimento no interesse do país pelo Brasil. "As dificuldades atuais do Brasil não afetam os investimentos no longo prazo", garantiu. Em sua opinião, os investidores estão ansiosos por oportunidades que compensem a maturidade alcançado pela economia e pelo mercado doméstico do seu país e consideram que os ativos no Brasil estão baratos, em consequência da crise e da desvalorização cambial, e que o Brasil tem potencial para crescer.

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