Um dos mais ambiciosos planos de infraestrutura e logística do
planeta, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) completa 10 anos
no mesmo ritmo da economia brasileira: estagnado. Lançado em 2007 pelo
então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e turbinado em 2010 para
alavancar a primeira candidatura presidencial de Dilma Rousseff, o PAC
previa investimentos da ordem de R$ 1 trilhão. Uma década depois, com
40% desse valor desembolsado (R$ 403 bilhões), o governo Michel Temer
pretende mudar o nome do programa e investir apenas nas obras que podem
ser concluídas até o final do seu mandato, em 2018.
No Rio Grande do Sul, um dos empreendimentos prioritários é a nova
ponte do Guaíba. O orçamento deste ano reserva R$ 230 milhões para a
obra. Até agora, já foram investidos R$ 275 milhões, o que garantiu
execução de 42%. Outros empreendimentos anunciados para o Estado devem
andar em ritmo lento.
Conforme o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra,
o novo cronograma está sendo estipulado em razão do volume de dívidas
do PAC deixadas pela administração petista, cujas pendências terão
prioridade no governo Temer. Dos R$ 42 bilhões liberados pelo Tesouro
Nacional em 2016, R$ 21,9 bilhões foram de restos a pagar.
– O PAC praticamente parou. Agora vai voltar, mas dentro de um
controle de gastos estabelecido pelo governo. As obras mais importantes,
que tiverem maior apoio político, serão incluídas no orçamento – afirma
Terra, que no final do ano passado recebeu R$ 17 milhões do programa
para construção de microaçudes em assentamentos no Estado.
No início de janeiro, o presidente convocou reunião do núcleo de
infraestrutura para discutir a retomada do PAC, agora sob um formato
mais enxuto. Se em 2016 as verbas foram destinadas apenas a projetos
pequenos, limitados a R$ 10 milhões, para os próximos dois anos o
objetivo é focar em obras significativas, que representem um legado da
gestão Temer.
Embora a principal aposta do governo seja a concessão de serviços
públicos e as parcerias com a iniciativa privada, com a transferência de
rodovias e aeroportos, por exemplo, o presidente deseja inaugurar
empreendimentos de grande porte, como a transposição do Rio São
Francisco e a Ferrovia Norte-Sul. Há também uma tentativa do Planalto de
descolamento do programa das gestões petistas.
Os balanços até então divulgados regularmente pelo governo não são
mais publicados desde agosto do ano passado, mês em que o impeachment de
Dilma foi sacramentado pelo Senado. Agora, para desvincular de uma vez o
PAC da imagem de Lula e Dilma, que chegou a ser chamada de "mãe do
PAC", o governo encomendou a uma agência de publicidade nova
nomenclatura para o programa, ainda não anunciada.
Para a Associação Brasileira de Logística e Infraestrutura, o nome é o
que menos importa. Vice-presidente da entidade, Paulo Menzel reclama da
falta de continuidade e do escasso planejamento. Na visão do executivo,
em geral, planos como o PAC não levam em conta as necessidades do país,
mas, sobretudo, os interesses eleitorais dos governantes.
De fato, os investimentos feitos no ano passado se concentraram em
obras sugeridas por aliados do Planalto. Em 2014, ano em que Dilma se
reelegeu e o governo extrapolou os gastos públicos, houve desembolso
recorde de R$ 68,4 bilhões. Na visão de Menzel, a má gestão e as crises
econômicas estagnaram o programa.
– Estamos 50 anos atrasados em infraestrutura e logística. Temos um
governo quebrado e um plano de concessões e parcerias que não dá
segurança jurídica ao investidor. O resultado disso é que PAC 1 teve
apenas 17,3% das obras concluídas. Tudo isso ocorre porque não existe
planejamento, principalmente visando a redução de custos logísticos –
destaca Menzel.
agens, será necessário construir 260
quilômetros de canais.
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