Um acordo global para agilizar o comércio exterior entrou em vigor
hoje (22). De acordo com Organização Mundial do Comércio (OMC), 110
países, o que equivale a dois terços dos membros do organismo,
confirmaram a adesão ao Acordo de Facilitação de Comércio (AFC), número
necessário para que entre em vigor.
A estimativa é que o acordo
reduza os custos das operações comerciais em 14,3% em média e gere US$ 1
trilhão de comércio por ano. Desse total, US$ 730 bilhões serão gerados
em países em desenvolvimento.
Segundo o diretor-geral da OMC,
Roberto Azevêdo, os procedimentos e os custos são maiores em países em
desenvolvimento. “Nestes países há mais espaço para cortar custos e
ganhar com a racionalização de procedimentos, com mais transparência e
menos burocracia”, disse Azevêdo.
O
Acordo de Facilitação de Comércio (AFC) foi negociado na Conferência
Ministerial da OMC em Bali em 2013. O AFC busca agilizar o processamento
de mercadorias nas fronteiras. Sua entrada em vigor abre uma nova fase
para reformas que simplificam e desburocratizam o comércio em todo o
mundo, gerando impacto significativo para os fluxos de comércio
exterior, explicou a OMC.
O Brasil ratificou o AFC em março de
2016 e, portanto, faz parte do grupo inicial de 110 membros que garantiu
a entrada em vigor do acordo.Segundo a OMC, todos os setores se
beneficiam do acordo.
“Alguns, em particular, podem obter ganhos
significativos, especialmente aqueles que dependem de agilidade
adicional nas fronteiras, o que é o caso de produtos perecíveis
(alimentos em geral, medicamentos) e produtos sensíveis à mudança de
estações (setor de calçados, segmentos da moda)".
“De forma
geral, empresas que dependem de insumos importados também ganham com a
maior agilidade e previsibilidade nas transações comerciais, além da
redução de custos nas aduanas. Também ganham empresas integradas em
cadeias globais de valor, ou com potencial para participar mais
intensamente de fluxos globais de comércio”, acrescentou a OMC.
De
acordo com a OMC, o Acordo de Facilitação de Comércio deve reduzir o
tempo dos trâmites de exportação em até dois dias. Para as importações, a
redução será de até um dia e meio. Isso representa uma redução de 91% e
47% respectivamente em relação ao tempo médio gasto nesses
procedimentos.
A OMC acrescentou que ao facilitar os trâmites
aduaneiros, a implementação do AFC também deve ajudar novas empresas a
participar no comércio exterior. Segundo a OMC, estimativas mostram que o
número de exportadores nos países em desenvolvimento pode aumentar em
até 20% quando o acordo estiver plenamente implementado.
O
AFC prevê que países em desenvolvimento e com menor desenvolvimento
relativo possam definir seus cronogramas de implementação de acordo com
sua capacidade e necessidades. Os países mais vulneráveis também poderão
acessar os recursos necessários para cumprir com as reformas do acordo.
A OMC criou o chamado "Mecanismo do Acordo de Facilitação de Comércio"
para conectar doadores e beneficiários, divulgar informações e facilitar
parceiras.
Os países desenvolvidos se comprometeram a implementar todas as disposições do acordo a partir do início da sua vigência. Além
do Brasil, mais de 100 outros membros da OMC ratificaram o Acordo de
Facilitação de Comércio, como Estados Unidos, a União Europeia, China,
o Paraguai, Uruguai, México, Peru, a Coreia, Turquia, Índia, Rússia e
o Chile.
Para Azevêdo, a tendência que o apoio ao acordo “cresça
ainda mais, à medida que as reformas previstas nele sejam efetivamente
implementadas e as vantagens se tornem ainda mais evidentes”.
“Representantes
de todas as tendências políticas concordam que a burocracia ao comércio
não é um bom negócio. Significa um peso desnecessário nos ombros dos
empresários, aumenta os custos para o consumidor final e faz com que o
governo aloque recursos de forma ineficiente, explicou. “Essa lógica
econômica fez com que mais de 110 países, incluindo os EUA, ratificassem
o Acordo de Facilitação de Comércio da OMC”, acrescentou o
diretor-geral da entidade, questionado sobre o discurso protecionista do
presidente americano Donald Trump.
O
acordo define uma série de reformas na área de facilitação de comércio.
A OMC destaca que ao longo de 12 artigos, o AFC determina medidas para
aumentar a transparência, simplificar e harmonizar procedimentos, além
de reduzir custos e dar mais previsibilidade ao comércio internacional.
Acesso
à informação: O AFC estabelece a publicação das informações específicas
relacionadas às exigências para a importação e a exportação
(procedimentos, formulários, documentos, alíquotas, taxas, regras para
classificação aduaneira, entre outros). Estas informações devem ser
fornecidas na internet se possível. Os países também devem estabelecer
pontos focais para esclarecer dúvidas e, de preferência, não devem
cobrar os usuários por este serviço.
Consultas prévias: O acordo
também prevê que os países tenham um canal de diálogo com importadores,
exportadores e outras partes interessadas para discutir propostas de
normas relacionadas à liberação e ao desembaraço de mercadorias, assim
como sobre a adoção de novas regras no setor aduaneiro.
Pagamento
eletrônico: O acordo encoraja a utilização de meios de pagamento
eletrônico para o pagamento de taxas e encargos aduaneiros.
Processamento
pré-chegada: O acordo exige que os países adotem procedimentos que
permitam o processamento de documentação das mercadorias antes de sua
chegada às aduanas, visando a acelerar sua liberação quando chegarem.
Coordenação
de órgãos aduaneiros: O acordo prevê a coordenação e troca de
informações entre os órgãos envolvidos no desembaraço de uma mercadoria,
evitando duplicidade e atrasos. O acordo também estabelece a
coordenação entre autoridades aduaneiras de dois países que compartilhem
fronteira. Isto pode incluir, por exemplo, alinhamento dos horários de
funcionamento das aduanas, compartilhamento de instalações, alinhamento
de procedimentos e controles conjuntos.
Janela única: O acordo
prevê que, tanto quanto possível, os países estabeleçam um canal único
para que as empresas apresentem a documentação exigida nos trâmites
comerciais, evitando que a mesma informação tenha que ser submetida a
diferentes autoridades de governo. Esta "janela única" deve ser
informatizada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário