Marcada para o dia 1º, em Santos (SP), a assinatura
do contrato da dragagem de aprofundamento do porto de Santos foi adiada
em uma semana. Segundo o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, o
processo de empenho dos recursos para a obra atrasou. A assinatura será
com a empresa Van Oord, ao valor de R$ 369,1 milhões.
"Preferi não fazer uma assinatura simbólica. Na próxima semana o
presidente da Codesp [Alex Oliva] irá a Brasília para a assinatura",
disse o ministro, que está na sede da Companhia de Docas do Estado de
São Paulo (Codesp), autoridade portuária. Hoje o porto de Santos
comemora 125 anos de inauguração do primeiro trecho acostável de cais.
Segundo Quintella, o adiamento em nada tem a ver com a decisão da EEL
Infraestruturas, primeira colocada na licitação, de judicializar o
processo. “Não fomos notificados”, disse o ministro.
Em janeiro o ministério decidiu rescindir o contrato com a EEL, após
recusar a terceira garantia financeira apresentada pela empresa para
prestar o serviço — cuja licitação, feita via Regime Diferenciado de
Contratações (RDC) ocorreu em 2015.
Com isso, a pasta espera ter resolvido um dos maiores imbróglios
portuários, pois o governo passou praticamente 2016 todo em idas e
vindas analisando as garantias da EEL, que venceu a licitação ao cobrar o
menor preço para dragar o porto: R$ 369,1 milhões.
A presidente da EEL, Claudia Alves, disse mais cedo ao Valor que
seria “uma imprudência” o ministro assinar um contrato de uma matéria
que está “sub judice”, “especialmente se tratando de uma obra desse
porte e responsabilidade”.
A EEL apresentou três garantias, duas delas no intervalo de três
meses. Numa das tentativas, a empresa apresentou títulos de dívida
pública vencidos e que, segundo a Advocacia-Geral da União (AGU),
poderiam ser falsos.
Sem a comprovação de que a empresa tem condições financeiras de arcar
com o contrato, a ordem de serviço para início dos trabalhos de
desassoreamento continuado no porto não pode ser dada. O atraso
compromete a competitividade dos terminais instalados em Santos, que
responde por 30% das trocas brasileiras em valores.
Pelo RDC, vence quem dá o maior desconto sobre o orçamento. Nessa
modalidade o contrato é primeiro assinado com quem apresenta a melhor
proposta, depois o vencedor apresenta a garantia e, finalmente, a ordem
de serviço é dada.
A contratação da dragagem de Santos iniciou a segunda fase do
Programa Nacional de Dragagens. Lançada em 2014, sofreu reveses, com a
abertura das ofertas só em 2015.
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