A Previ fechou nesta quinta-feira a venda de sua participação de
17,48% no capital da fabricante de silos Kepler Weber para a AGCO. O
negócio injetará cerca de R$ 100 milhões no caixa do fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil (BB) e reforça a estratégia de
aproveitar oportunidades de desinvestimento e concentrar participações
em ativos com alta liquidez. Em setembro, a Previ anunciou a alienação
de sua fatia na empresa de energia CPFL para a chinesa State Grid.
Antes, em 2014, se desfez dos 5,07% que detinha na siderúrgica mineira
Usiminas.
O valor firmado em contrato de R$ 22 por ação, sujeito a ajuste,
representa valorização de 25,71% em relação ao preço atual do ativo, que
está cotado em R$ 17,50. O fechamento da operação ainda depende da
aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Além
disso, a AGCO deverá atingir o percentual mínimo de 65% do capital
social da Kepler.
Fundada há mais de 85 anos, a Kepler Weber atua no setor de
agronegócios, na etapa pós-colheita da cadeia produtiva de grãos. Em
setembro de 2007 a Previ participou ativamente da reestruturação
financeira e operacional da empresa. De lá até o fim de 2016, os papéis
da Kepler obtiveram retorno de 26,64% sobre o índice Ibovespa.
A Kepler estava na carteira de participações do Plano 1, o maior e
mais antigo da Previ, assim como CPFL e Usiminas. O negócio com a CPFL
Energia deve render R$ 7,5 bilhões — até agora R$ 5,1 bi entraram no
caixa do fundo e o restante virá de uma oferta pública de aquisição de
ações a ser realizada pela nova controladora. Na prática, houve ganho de
R$ 2,9 bilhões em relação ao valor registrado pela participação no
balanço de 2015. No caso da Usiminas, o fundo de pensão levantou R$
616,7 milhões, o que representou ganho de 82% sobre o valor das ações da
empresa negociadas em bolsa.
A ordem na Previ é deixar a carteira de participações preparada para
aproveitar oportunidades, como disse, em outubro, o diretor de
participações do fundo, Renato Proença. Ao anunciar a venda da CPFL, a
Previ destacou em comunicado que desinvestimentos em renda variável
deveriam se intensificar, tendo como foco a geração de liquidez do Plano
1. O volume de pagamentos aos cerca de 115 mil associados no plano vai
crescer nos próximos anos, até atingir seu ápice, em 2040. A Previ tem
que reforçar seu caixa para fazer frente aos crescentes compromissos de
pagamento de benefícios aos 115 mil associados.
Com ativos totais de R$ 131 bilhões, o Plano 1 tem hoje cerca de 50%
de seus recursos aplicados em renda variável, encostando no teto
previsto em sua política de investimento. As participações se dividem
por companhias como Petrobras, Vale, Neoenergia, Invepar, Embraer,
Ambev, Banco do Brasil, Bradesco e Itaú.
Até novembro do ano passado, o plano atingiu rentabilidade de 15,86%,
superando a meta atuarial (11,30%). Isso trouxe um excedente de R$ 4,8
bilhões, evitando a necessidade de pagamentos extras pelos beneficiários
para equacionar um rombo de R$ 2,9 bilhões no Plano 1 em 2015.
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