O setor portuário brasileiro movimentou no ano passado 998 milhões de
toneladas. O número aponta um decréscimo de 1% em relação a 2015,
segundo o Anuário Estatístico Aquaviário 2016 da Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq). “Os portos recuaram menos que o PIB
brasileiro e mostram como são centrais no processo de recuperação da
economia brasileira”, afirma o diretor-presidente da Associação
Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli.
Dado do Banco Central mostra que o PIB brasileiro recuou 4,35% no ano
passado. “Os portos podem ser uma poderosa alavanca de desenvolvimento,
com vultosos investimentos, gerando empregos e renda, se o país reduzir
a excessiva presença do Estado no setor”, aposta Manteli.
Desde outubro de 2016, entidades empresariais do setor portuário têm
debatido com o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil
(MTPAC) medidas que poderiam destravar R$ 25 bilhões no curto e médio
prazos. Pelos cálculos da ABTP, são R$ 13 bilhões em novos
arrendamentos, R$ 4 bilhões nas prorrogações e adaptações de contratos,
R$ 6 bilhões em novos terminais privados e R$ 2 bilhões em investimentos
de infraestrutura comum que podem se tornar mais ágeis com capital
privado.
As primeiras medidas mapeadas pelas entidades têm foco no curto
prazo. Elas sugerem mudanças no marco infralegal do setor, com a revisão
do decreto 8.033, de 2013, que regulamentou a Lei dos Portos. “São
ações simples e de rápido impacto que vão aumentar a eficiência das
operações portuárias, fomentar investimentos privados nos terminais
portuários e melhorar a eficiência na gestão dos portos organizados”,
explica o diretor-presidente da ABTP.
Para a associação, a rigidez regulatória sobre o setor portuário faz
com que o país perca investimentos, aproveite mal os ativos públicos,
conduza processos licitatórios inadequados, impeça a expansão de
terminais e enrijeça a expansão de áreas nos portos.
Além disso, o excesso de burocracia e de intervenção estatal nos
portos imprime pouca flexibilidade para adaptações simples a contratos
de arrendamento, não permite reorganização eficiente da área dos portos,
torna lenta a emissão de documentação e priva o setor de mecanismos
para investimentos na infraestrutura comum.
“Não estamos demandando recursos. O que pedimos é a reorientação das
políticas do setor para que essas se tornem a favor da livre iniciativa,
liberalizante e pragmática. É disso que o Brasil precisa neste momento
de crise”, explica Manteli.
Para a ABTP, é certo que os portos avançaram muito, principalmente a
partir de 1993. O marco regulatório do setor vigente, a Lei n. 12.815,
de 2013, também trouxe conquistas. O anuário da Antaq divulgado ontem
mostra, por exemplo, o papel importante dos terminais de uso privado,
que movimentaram 66% das cargas no país no ano passado - os portos
organizados ficaram com 34%.
Em relação às mercadorias, o levantamento da Antaq destaca os
minérios, com 418 milhões de toneladas movimentadas, aumento de 2,7% na
comparação com 2015. Também houve aumento na movimentação de açúcar
(9,2%), adubos (19,3%) e celulose (31,3%). O ponto negativo foi a
movimentação de cereais (grupo que inclui o milho), com queda de 30,6%.
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