A CSN, de Benjamin Steinbruch, deu início a conversas com a chinesa
China Communications Construction Company (CCCC), maior estatal de
infraestrutura da China, para vender uma parte ou mesmo toda sua
participação na Transnordestina, apurou o ‘Estado’. As conversas entre
as duas companhias ainda estão no início, mas reacendeu uma discussão em
Brasília, que busca uma alternativa urgente para dar prosseguimento às
obras, inclusive sem a participação de Steinbruch, dizem fontes a par do
assunto.
Apesar do esforço do governo em sinalizar que a sociedade da estatal
Valec com a CSN seguirá adiante, o fato é que as possibilidades de a
empresa de Steinbruch seguir no negócio são mínimas. A relação entre os
sócios já acumula anos de desgaste, mas a pá de cal foi dada com a
decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que no mês passado
determinou a paralisação de repasse financeiro para o projeto, até que
se resolva uma série de irregularidades graves que pairam sobre a obra.
A Transnordestina - ferrovia projetada para ligar o Porto de Pecém,
no Ceará, ao Porto de Suape, em Pernambuco, passando pelo Piauí - está
orçada em R$ 11,2 bilhões, dos quais R$ 6 bilhões já foram aportados,
boa parte com dinheiro público.
Nesta quinta-feira, uma comitiva liderada pelo ministro dos
Transportes, Maurício Quintella, foi ao gabinete do ministro do TCU,
Walton Alencar Rodrigues, relator do processo no tribunal, para discutir
uma saída que destrave as obras. A reunião teve ainda a presença de
representantes dos governos de Pernambuco, Ceará e Piauí, além do
presidente interino da Valec, Mario Modolfo.
Segundo fontes do Palácio do Planalto, o governo está até disposto a tocar a obra
sozinho. O problema é viabilizar isso. Um imbróglio societário dificulta
os planos porque a Valec é sócia da CSN na Transnordestina Logística
S.A (TLSA), ou seja, a Valec não atua como empresa pública, mas como
parte de uma concessionária que é alvo dos questionamentos do TCU.
A CCCC esteve em Brasília para falar do interesse na
Transnordestina e em outros projetos de infraestrutura. A companhia
mantém conversas com Steinbruch há alguns meses. A ofensiva chinesa, no
entanto, não empolga tanto o governo. A CCCC não trouxe nenhuma
sinalização concreta de que como deve entrar na sociedade.
Em novembro, a gigante asiática comprou 80% da Concremat e está em
negociações avançadas para tocar o projeto de porto intermodal da
WTorre, no Maranhão. Em recente entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, a WTorre não quis
comentar o assunto.
Com dívida líquida de R$ 23,4 bilhões no terceiro trimestre, a CSN
decidiu colocar, há alguns meses, ativos não estratégicos à venda. Até
agora, porém, só se desfez de ativos menores.
Procurada, a CSN não comentou. A CCCC não retornou os pedidos de entrevista.
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