terça-feira, 12 de setembro de 2023

América Latina pode construir cadeias de abastecimento que não sejam politicamente conflitantes

A América Latina está numa encruzilhada entre o financiamento de políticas relativas às alterações climáticas e a reconstrução das cadeias de abastecimento, o que abre caminho para potenciais benefícios que poderão ser obtidos se forem implementadas políticas corretas, afirma um relatório recente do G30 sobre as causas do subdesenvolvimento na região. Andrés Velasco, diretor de projetos do Grupo de Trabalho do G30 para a América Latina, disse que "as oportunidades são óbvias" para a região e que "o Ocidente precisa de países com os quais possa construir cadeias de abastecimento que não sejam politicamente conflitantes e que a América Latina tem uma proximidade histórica com o Ocidente", afirmou.

Segundo ele, a América Latina pode fornecer água, alimentos e energia limpa ao mundo e, portanto, “as oportunidades estão aí. necessário fazê-lo”, destacou. A este respeito, o relatório apresenta uma série de recomendações, incluindo a definição do quadro macroeconômico da região, um melhor investimento em infra-estruturas e o fortalecimento dos partidos políticos. Barreiras O relatório considera individualmente, devido à sua grande magnitude, as economias do México e do Brasil.

A primeira delas, observa ele, está presa num “paradoxo do crescimento”, onde décadas de estabilidade macroeconômica e um setor industrial sofisticado não produziram crescimento econômico. Enquanto no Brasil “os desafios políticos, incluindo a desigualdade, o populismo e a polarização, dificultam os ajustes fiscais necessários”.

Por outro lado, Argentina, Equador e Venezuela apresentam instabilidade macroeconômica e têm sofrido de hiperinflação e problemas de sustentabilidade da dívida. “Pode-se esperar pouco ou nenhum crescimento sustentado até que todos os três resolvam os problemas fiscais, de dívida e, em alguns casos, de inflação”, indica o relatório, que também destaca que mesmo num contexto de estabilidade macroeconômica, o Chile, a Colômbia, o Peru e o Uruguai têm registrado um declínio no crescimento, razão pela qual recomenda uma maior diversificação dessas economias "e o desenvolvimento de novos setores com elevado potencial de crescimento".

O relatório afirma que a região sofre de um “déficit de governação” que exigirá reformas políticas “profundas e ambiciosas”. “A América Latina pode estar presa num equilíbrio pouco saudável, onde a falta de confiança prejudica o desempenho das instituições governamentais e o mau desempenho, por sua vez, explica a baixa confiança”, detalha. A saída, destaca o estudo, passa pelo fortalecimento dos partidos políticos e de “empreendedores políticos hábeis” que poderiam reunir apoio suficiente para atualizar as regras eleitorais “para garantir que os governos possam garantir as maiorias necessárias para governar”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário