terça-feira, 18 de abril de 2023

Produção brasileira de soja deve crescer 15% na safra de 2022/23 e estimativa é de exportações recordes

A produção de grãos no Brasil na safra 2022/23 está estimada em 312,5 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 40,1 milhões de toneladas em relação à safra 2021/22 - um aumento de 15%, segundo o 7º Levantamento da Safra de Cereais divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No caso da área plantada, espera-se um crescimento de 3,3%, o que corresponde à incorporação de 2,5 milhões de hectares, atingindo um total de 77 milhões.

O bom desempenho é explicado não apenas pelo aumento da área, mas também pela melhora na produtividade de culturas como soja, milho, algodão, girassol, mamona e sorgo. No entanto, o resultado consolidado ainda depende das condições climáticas, fator preponderante para o desenvolvimento das safras de segunda e terceira safras. A soja continua sendo o produto de maior volume colhido no país, com produção estimada em 153,6 milhões de toneladas.

Com um índice de colheita de 78,2%, segundo o Relatório de Andamento da Safra divulgado esta semana pela Conab, a boa produtividade continua se confirmando, estimada em 3.527 quilos por hectare. A safra já era esperada como recorde, principalmente devido ao aumento anual de 5% na área plantada, para 43,5 milhões de hectares.

Isso representa um aumento de 16,6% em relação ao ciclo anterior e 1 kg/ha acima da maior marca histórica, observada na safra 2020/21, segundo dados da Conab. Com a safra crescente e a boa demanda externa, o Brasil deve exportar um volume recorde de soja em grão, de 94,35 milhões de toneladas, ante 92,99 milhões de toneladas previstas em março. O total, se confirmado, representaria um forte aumento em relação à campanha anterior (78,7 milhões de toneladas).

Apesar do menor uso de fertilizantes no país no ano passado devido aos altos preços, os rendimentos médios mostraram uma forte recuperação em relação à temporada anterior, quando grande parte do Sul foi severamente afetada pela seca. "As produtividades fora do Rio Grande do Sul, do Paraná para cima, todos os estados estão bem acima das médias normais, os relatórios de produtividade bem acima dos declarados nas próprias estatísticas da Conab, o regime de chuvas e insolação foi muito bom, isso acabou compensando o menor uso de fertilizantes", disse o diretor da consultoria Cogo, Carlos Cogo.

Ele lembrou que houve queda de 11% nas entregas de fertilizantes em 2022 no Brasil, mas destacou que as reservas de solo impediram que a produtividade sofresse por falta de fertilizantes no primeiro ano. Para a safra 2023/24, não são esperados grandes problemas nesse quesito, uma vez que os preços dos insumos estão abaixo das máximas de 2022.

No caso do milho, a Conab aponta aumento tanto de área quanto de produção. A safra total de grãos está prevista em 124,88 milhões de toneladas, influenciada pelo aumento de 8,8% na produção da 1ª safra e de 11% na 2ª safra, que podem chegar a 27,24 milhões de toneladas e 95,32 milhões de toneladas, respectivamente. Outro produto que apresenta crescimento é o sorgo, influenciado pela perda da janela ideal de semeadura do milho em algumas regiões produtoras e por ser um produto mais resistente à seca.

Já para o arroz, a produção estimada é de 9,94 milhões de toneladas. O menor volume produzido é explicado pela queda na área destinada ao produto, aliada às condições climáticas adversas registradas no desenvolvimento da safra, principalmente no Rio Grande do Sul, maior produtor do cereal. A área total a ser plantada com feijão também caiu, chegando a 2,76 milhões de hectares. Somando as três safras, a produção deve ser de 2,95 milhões de toneladas.

Nesse levantamento, a Companhia ajustou as estimativas de exportação de soja para a safra 2022/23, esperando atingir um volume de 94,35 milhões de toneladas. A estatal também modificou as projeções para o consumo interno de óleo de soja, de 9,15 milhões de toneladas para 8,29 milhões de toneladas.

A redução é explicada pela menor demanda interna após a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de aumentar, a partir de maio, o percentual de biodiesel no diesel de 10% para 12%, e não para 15% como constava em as estimativas anteriores. Com a queda, as expectativas de exportação de petróleo subiram para 2,6 milhões de toneladas.

O aumento é motivado pelas maiores vendas do produto ao mercado externo no primeiro trimestre de 2023, com aumento de 42,74% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse aumento é motivado pelo déficit na safra de oleaginosas na Argentina. A safra menor dos produtores argentinos também deve influenciar os embarques no Brasil.

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