segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Ideia de construir canal interoceânico na Nicarágua ressurge após acordo com a China para o Porto de Bluefields


Após a inauguração do Porto de Chancay no Peru, a expectativa é que a CAMC Engineering, subsidiária da China National Machinery Industry Corp., realize o desenvolvimento do porto estratégico de Bluefields na Nicarágua. A iniciativacolocaria em prática programar o antigo projeto de construção de um canal interoceânico pelo país centro-americano. A ideia renovada foi apresentada durante a XVII Cúpula Empresarial China-América Latina e Caribe que reuniu 250 empresários chineses e 70 representantes de países da região.

A Empresa Portuária Nacional (EPN) da Nicarágua apresentou os primeiros planos para o porto de Bluefields há uma década e em 2018 foi assinado um contrato para a realização de estudos de pré-viabilidade com a consultoria de engenharia holandesa Arcadis Nederland. Esperava-se que esses estudos fossem concluídos até ao final de 2020 e que a construção começasse pouco depois, mas o progresso foi dificultado devido à falta de financiamento.

Para a Nicarágua, o desenvolvimento do Porto de Bluefields, na costa atlântica, seria apenas a primeira parte de um plano mais amplo que procuraria ligar esta infra-estrutura a Puerto Corinto, no Pacífico. Este plano inclui um percurso que atravessa o Lago Xolotlán, evitando o Grande Lago Cocibolca, parte de uma proposta anterior que foi questionada pelos seus possíveis impactos ambientais.

O canal teria largura de até 540 metros e profundidade de 27 metros, o suficiente para permitir o trânsito de navios de grande calado. Além disso, incluiria a construção de eclusas e de um lago artificial denominado "El Escondido", destinado a melhorar a eficiência do tráfego marítimo.

O Grande Canal Interoceânico da Nicarágua é um projeto de longa data que foi proposto para ligar o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico promovido principalmente pela empresa chinesa HKND Group, liderada pelo empresário Wang Jing. A estrada teria aproximadamente 278 quilômetros de extensão, o que a tornaria significativamente mais longa que o Canal do Panamá.

A rota planejada passaria pelo Lago Nicarágua, o maior da América Central, o que levantou preocupações ambientais sobre o impacto nos ecossistemas aquáticos e terrestres. Além dos desafios ambientais, o projeto enfrenta questões sobre a sua viabilidade financeira e política. A construção de um canal desta magnitude exigiria um investimento maciço e, embora o governo da Nicarágua tenha demonstrado o seu apoio, o financiamento e a execução completos do projeto não foram definidos. Além disso, o plano gerou resistência por parte das comunidades locais e de organizações internacionais devido ao potencial deslocamento comunitário e aos danos ambientais.

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