A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao Tribunal Regional Federal
da 3ª Região (TRT-3) a suspensão da decisão judicial liminar
(provisória) que impede a exportação de mais de 25 mil bois vivos e
determina que os animais já embarcados em um navio atracado no Porto de
Santos (SP) sejam imediatamente desembarcados.
A proibição
provisória que a AGU questiona foi determinada pela 25ª Vara Federal
Cível da Subseção Judiciária de São Paulo, na última quinta-feira (1), a
pedido da organização não governamental (ONG) Fórum Nacional de
Proteção Animal, que critica o transporte dos animais vivos a bordo do
navio MV Nada, com destino a Turquia, onde seriam abatidos.
Para a
AGU, o cumprimento da sentença liminar, com a consequente proibição da
exportação de gado vivo, implicaria em grave lesão à ordem
administrativa, à saúde pública e à economia pública, podendo submeter o
setor agropecuário brasileiro a risco.
“A citada embarcação (MV
Nada) tem condições de se submeter ao transporte internacional de
animais de interesse pecuário por inúmeros países, constituindo um
continente de alta movimentação de animais de diferentes origens, status
sanitários, sistemas produtivos”, alega a AGU no recurso, sustentando
que compete ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
calcular o risco sanitário atribuível ao trânsito internacional de
animais de interesse agropecuário.
A tarde, o ministro da
Agricultura, Blairo Maggi, se reuniu com o presidente da República,
Michel Temer, no Palácio do Jaburu, em Brasília. Ao deixar o encontro,
Maggi disse a jornalistas que o episódio é um “problema sério” para o
país.
“Há um mercado livre bem competitivo no mundo. E o Brasil
participa muito fortemente. Infelizmente, nesse embarque por Santos,
houve interferência da Justiça, por ação de ONGs que afirmam que os
animais não estão sendo bem tratados”, disse o ministro, confirmando que
o recurso da AGU foi discutido com outras esferas do governo.
“Estamos
esperando uma suspensão da liminar para que o navio possa sair. Até
porque, este assunto é bastante complicado. Os bois já estão embarcados,
sendo alimentados por ração vinda de outros países. Descarregar estes
animais conforme a Justiça determinou traz um problema sanitário. Além
de já ser um problema diplomático”, acrescentou Maggi, revelando que
autoridades turcas já solicitaram informações sobre o assunto.
Para
Maggi, será necessário discutir mudanças nas condições de exportações
de bovinos vivos, que deverá ocorrer em um segundo momento, a fim de
evitar prejuízos financeiros e malefícios para os próprios animais.
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