A GeoPost, empresa de transporte de carga fracionada do Le Groupe La
Poste a companhia postal da França comprou 60% do capital e o
controle da brasileira JadLog, uma das cinco maiores no serviço de
entregas rápidas do país, ao lado dos Correios, UPS, Fedex e Total
Express. É o primeiro negócio do grupo francês nas Américas. O valor do negócio não foi revelado.
O plano dos novos controladores é elevar o faturamento da JadLog dos
atuais R$ 406 milhões apurados em 2016 para R$ 1 bilhão ao fim de 2019.
Nesse período, a meta é ampliar a rede de atendimento de 508 franqueados
para 2 mil pontos de processamento de encomendas, investir na automação
dos centros de distribuição e lançar no país novos serviços para
atender a demanda de entregas gerada pelo comércio eletrônico.
"O Brasil é obrigatório para empresas globais de logística por ser o
maior da América Latina. A penetração do comércio eletrônico no país tem
crescido. Por isso, já estávamos pesquisando esse mercado brasileiro há
dois anos", disse ao Valor o diretor da GeoPost em Portugal, Olivier
Establet, que será o presidente do conselho da JadLog. "Escolhemos a
JadLog por causa da rede de atendimento, do histórico de crescimento nos
últimos anos e do modelo de negócio muito semelhante ao nosso",
afirmou.
"A entrada na GeoPost vai acelerar o crescimento da JadLog porque
teremos acesso a uma rede mais ampla, tecnologia e capital", disse o
executivo. "Nosso endividamento é baixo, então os recursos serão usados
para expansão", afirmou o presidente da JadLog, José Afonso Davo, também
um dos sócios fundadores da companhia, que será mantido na presidência
da empresa com assento no conselho.
A GeoPost, segunda maior rede de distribuição de encomendas na
Europa, é a unidade de negócios que mais cresce dentro do grupo postal
francês. No primeiro semestre de 2016 teve crescimento de 10% na receita
e de 49% no lucro operacional enquanto a holding apurou expansão de
2,7% e 38,3% nesses dois indicadores, respectivamente.
A JadLog teve em 2016 crescimento de 12% no faturamento, apesar de o
setor de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio
terem registrado retração de 6,9% em 2015, ovimentando R$ 213,15
bilhões, conforme dados do IBGE que ainda não consolidou os números de
2016. E segundo a Federação das Empresas de Transportes do Estado de
São Paulo (Fetcesp), o setor voltou a encolher em 2016, cerca de 10%.
O novo controlador da JadLog reconhece que a recessão econômica no
Brasil gerou preocupações entre os executivos do grupo na França. Mas
Establet disse que prevaleceu o entendimento de que o pior da crise
brasileira já passou e que as oportunidades hoje compensam o
investimento. "A situação [recessão] bateu no fundo. Já vemos sinais de
melhora", afirmou o executivo da GeoPost.
Segundo Establet, a correlação entre comércio eletrônico e atividade
econômica não é tão grande, o que representa espaço para crescimento do
setor de entregas rápidas. "Na Europa, percebemos que as pessoas ficam
mais sensíveis a preços na crise", disse o executivo. "Isso favorece o
comércio eletrônico, que gera demanda em nosso negócio."
Além disso, disse Establet, a recente decisão dos Correios de
encerrar o serviço eSedex, por meio do qual praticava tarifas mais
baixas para pequenos varejistas do comércio eletrônico, deve forçar a
migração de pequenos varejistas que usavam apenas o eSedex para
empresas de entregas rápidas. "Na Europa, as entregas que atendem à
demanda do comércio eletrônico representam de 40% a 50% de nossas
receitas. No Brasil, esse segmento é hoje apenas 20% da JadLog. Temos
muito espaço para crescer", disse o diretor da GeoPost.
O presidente da JadLog confirma que o fim do eSedex ampliou o
atendimento no comércio eletrônico. "Nossa meta para 2017 era repetir o
crescimento de 2016 [12%], mas revisamos o plano para 20% de crescimento
por causa do comércio eletrônico sem o eSedex dos Correios", disse
Davo.
No segmento corporativo, a GeoPost também planeja ampliar a carteira
de clientes, oferecendo uma plataforma ampliada de atendimento para
exportadores e importadores. "Vamos conectar nossas redes em 40 países
com o Brasil", disse Establet, que ainda não estabeleceu prazos para
concluir essa integração.
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