Embora existam riscos, temos muito a realizar e crescer no Brasil,
porque estamos começando a sair do fundo do poço e isso pode ser
comprovado pelos resultados do PIB, que têm mostrado um horizonte de
estabilidade e crescimento de 1% do PIB este ano e cerca de 2% em 2018”.
A afirmação é do ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega.
Enxergando
outros pontos positivos em nosso horizonte: a indústria hoje opera
apenas com 73% da capacidade de produção, a Selic está em novo ciclo de
queda e, por enquanto, não há expectativa de crises cambiais e
bancárias, porque no ápice do impeachment o câmbio funcionou muito bem
sem traumas. Maílson diz que “isso significa que nosso sistema
financeiro é muito sólido”.
O economista ressaltou que a gestão de
risco no país é igualmente eficiente, porque possui mecanismos de
alertas, fruto do alto nível do sistema financeiro brasileiro que é,
mundialmente, considerado superior aos países desenvolvidos.
Prova
disso é que terminaremos 2016 em 9º na economia mundial, em momentos
melhores já fomos 6º nesse ranking, ainda assim, continuamos entre os
dez primeiros. Segundo ele, apesar da democracia ser muito jovem – tem
apenas 31 anos, se comparada, por exemplo à inglesa que tem mil anos –, e
da fragmentação política (são 35 partidos políticos em todo o país), a
democracia é uma componente importante para a evolução da sociedade.
“Nesse cenário, nosso judiciário é independente (o melhor exemplo é a
Lava Jato), o que não é comum nos países emergentes”.
Francis
Fukuyama, pesquisador sênior do Instituto Freeman Sprogli da
Universidade Stanford, é autor de vários livros sobre economia e em um
deles examina a ordem política desde a origem da humanidade. Ele mostra
que existem mecanismos da ordem política virtuosa, que permitem o
crescimento mesmo que haja alguma catástrofe. Ele ressalta que são três
os fatores e que nós possuímos todos: Estado forte, Estado de direito e
Accountability - “a responsabilidade de prestar contas e ter
transparência, o que é possível quando há imprensa e capacidade de
mobilização da população”.
O agronegócio brasileiro é outro
ponto positivo destacado pelo pesquisador, porque segundo ele, se
tornou mundialmente o campeão em sofisticação. “Em poucos anos teve a
maior revolução em produtividade, multiplicando por cinco a produção.
Hoje somos o maior exportador de soja, café, açúcar, frango e suco de
laranja. Cerca de 90% do suco de laranja distribuído no mundo vem do
Brasil. Além disso, nos últimos anos passamos de um PIB de15% para 50%, o
que fenomenal”, ressaltou.
Há incertezas em decorrência do que, efetivamente, Donald Trump fará após
assumir. Ele sinaliza que é preciso ficarmos atentos aos membros que
serão escolhidos para a nova equipe do governo e também ao aumento do
déficit americano (se aumentar vai desacelerar a economia mundial) e se
Trump iniciar uma guerra comercial contra a China no comércio exterior;
O Brasil precisará fazer mais com menos ou com os mesmos recursos por meio de tecnologia e gestão. Gastamos mais que os EUA com educação, mas o trabalhador brasileiro rende muito menos do que um americano;
Em relação à Operação Lava-jato, há temor sobre como os próximos acontecimentos vão atingir Temer. A boa notícia é
que, provavelmente, isso não deve causar grandes traumas na economia;
Cenário também é de dúvida sobre as eleições de 2018. Dependerá de quem será eleito. Se for positivo, pode
colocar o Brasil em novo ciclo de crescimento contínuo, mas há o risco
de eleger um aventureiro;
Outro ponto crucial é a reforma da previdência. É importante definir a idade da aposentadoria e quando entra em vigor,
porque hoje a previdência significa 40% dos gastos do governo, se
continuar assim, em 20 anos saltará para 90% dos gastos e será o
colapso;
A influência externa e a reforma fiscal são pontos agravantes na economia porque o sistema tributário
brasileiro é o pior do mundo. As empresas gastam cerca de 2 mil horas
por ano com tributação, enquanto a média mundial são 200 horas ao ano.
Esse cenário é de alto custo para o Brasil e a reforma tributária é
urgente porque vai ser fundamental para a retomada da economia;
O alto spread é motivo é motivo de preocupação porque a inadimplência, que significa 35% do spread no país; Assim como o desemprego. O surgimento de vagas dependerá da confiança e do crédito que circulará
no mercado. Além disso, o governo precisa gerar mais segurança para que
os empresários fiquem mais confiantes, a recuperação ocorrerá, mas
provavelmente será lenta.
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