A greve dos auditores fiscais da Receita Federal que atuam no Porto
de Santos chegou a seu 15º dia, causando atrasos e dor de cabeça a
agentes marítimos e despachantes aduaneiros do cais santista. Agora, os
analistas tributários também resolveram cruzar os braços. Prejuízos e
perdas de conexões de navios já entraram na rotina dos usuários do
complexo marítimo.
A paralisação das atividades dos auditores fiscais acontece às
terças, quartas e quintas-feiras, com os servidores fora das
repartições. Já nas segundas e sextas-feiras, a categoria não utiliza
seus computadores.
Durante a greve, na Alfândega do Porto de Santos, os auditores só
liberam cargas consideradas essenciais, como medicamentos, insumos
hospitalares, animais vivos e alimentação de bordo para tripulantes de
navios. Já na Delegacia da Receita Federal, todos os grupos e equipes de
trabalho, projetos, reuniões gerenciais e as demais iniciativas que
importem em incremento de arrecadação estão parados.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais
(Sindifisco), cada dia de paralisação na Alfândega do Porto de Santos
causa um atraso no recebimento de R$ 100 milhões em impostos federais.
Com isso, estima-se que tenham sido afetados R$ 1,5 bilhão em
arrecadação.
Mas os custos extras que são absorvidos por exportadores e
importadores também precisam ser levados em conta. Segundo o
diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do
Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, as cargas de importação
estão sendo retidas nos terminais, por falta de desembaraço. Já as
mercadorias de exportação, em trânsito por Santos, procedente de outros
portos nacionais, perdem várias conexões de navios destinados ao
exterior, com custos de armazenagem desnecessários.
Muito disso se deve ao acúmulo de contêineres que ficam represados no
complexo. Cargas que normalmente são desembaraçadas em 24 horas se
acumulam nos terminais a espera de autorizações.
“Caso essa situação perdure, há a expectativa de que os terminais
esgotem sua capacidade física para armazenamento e permaneçam com todos
os seus espaços ocupados por falta de desembaraço, com os navios
zarpando do Porto de Santos sem todas as cargas programadas, resultando
em perda de receita com o frete marítimo”, destacou José Roque.
O executivo destaca ainda o temor de que seja repetida a mesma
situação da paralisação da categoria no ano passado: “prejuízos
incalculáveis às milhares de empresas importadoras e exportadoras, que
perderam embarques ou tiveram que desembolsar valores maiores pela
armazenagem de mercadorias, além do desabastecimento do comércio e da
indústria de insumos essenciais”.
Para o presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de Santos e
Região (SDAS), Nivio Perez dos Santos, os primeiros reflexos da greve
dos auditores já foram sentidos. Mas a situação pode piorar com a
proximidade do Natal e o grande volume de importações específicas para
esta época do ano.
“É preocupante. A situação ainda não é crítica, mas a gente já sente
os atrasos por conta da greve”, explicou o presidente do SDAS. Segundo
ele, o temor maior é com as cargas que a Receita Federal classifica no
canal vermelho, em sua análise de risco. Nesse caso, elas devem passar
por conferência física e documental.
Normalmente, essas mercadorias necessitam de um ou dois dias para a
liberação. Com a continuidade da greve e o represamento dos
carregamentos, este tempo de espera pode ser de cinco até sete dias. O
risco é que produtos de Natal, como enfeites, árvores e até panetones,
não sejam liberados antes das festas e se acumulem nas prateleiras das
lojas.
Nesta quarta-feira (15), os analistas tributários da Receita Federal
também se mobilizaram em protesto contra medidas anunciadas pelo Governo
Federal. Além disso, a categoria protesta contra a demora na
regulamentação do acordo salarial e do bônus de eficiência, que depende
do aval do Ministério do Planejamento.
“Vamos parar um dia por semana. A data da próxima semana ainda
depende de uma assembleia em Brasília, já que a mobilização é nacional”,
explicou o delegado sindical do Sindicato Nacional dos Analistas
Tributários da Receita Federal do Brasil (Sindireceita), Marcos Antonio
de Souza.
Com a paralisação dos analistas, o trânsito aduaneiro, o plantão de atendimento e a delegacia da Receita Federal são impactados.
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