Empresas japonesas avaliam a possibilidade de assumir 85% do capital total da Sete Brasil, acabando, assim, com o impasse nas atividades do estaleiro, provocado pela Operação Lava-Jato. Os presidentes da IHI
Corporation, Tamotsu Saito e da Kawasaki Heavy Industries, Shigeru Murayama (da Kawasaki Heavy, mais o
presidente da Mitsubishi para a América Latina, Seiji Shiraki,
reuniram-se com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, para pedir aval do governo para o negócio.
O encontro aconteceu no dia 14 de maio, no Palácio do Planalto, quando os empresários receberam a indicação de Dilma para ir adiante. Além
das três companhias, também integrará o grupo o Jbic (Japan Bank for
International Cooperation), banco de desenvolvimento japonês.
A partir da reunião com o governo brasileiro, os executivos nipônicos passaram a examinar detalhadamente o
negócio e deverão tomar uma decisão nos próximos dias. Caso
aprovem o investimento, o grupo assumirá os 85% hoje nas mãos da Sete
Brasil. Também é sócia do negócio, com outros 15%, a OOG (Odebrecht Oil
& Gas).
As quatro sondas envolvidas no negócio, ao custo
de US$ 800 milhões cada, haviam sido encomendadas pela consórcio ao
estaleiro Enseada, que tem como sócios o grupo Odebrecht (com 35%), UTC e
OAS (35%) e a Kawasaki (30%) e unidades no Rio de Janeiro e na Bahia. Com
o estaleiro sufocado pela dívida de R$ 1 bilhão da Sete Brasil após as
investigações da Operação Lava Jato, a sócia Kawasaki decidiu buscar outros investidores no Japão para entrar no negócio.
Caso
os novos investidores aceitem entrar, a Sete Brasil não terá mais
envolvimento com essas quatro sondas, que serão alugadas diretamente
pela Petrobras da OOG e dos japoneses. Criada em
2011 para a construção de parte das 29 sondas para a Petrobras explorar
o pré-sal, a Sete Brasil tem como sócios bancos, fundos de pensão e a
própria estatal do petróleo. O negócio contava com um financiamento de
R$ 10 bilhões do BNDES, que, com a Lava Jato, decidiu segurar os
recursos.
A decisão mergulhou a Sete Brasil em dificuldades financeiras, e agora o projeto passa por reestruturação. Na
semana passada, ficou acertado que os sócios e credores vão injetar
mais R$ 12 bilhões, na forma de financiamento, além de R$ 8,4 bilhões já
aportados pelos sócios na empresa. O número de sondas foi reduzido para 19.
A "solução japonesa", no entanto, não será replicada em outros contratos, ficando restrita às quatro sondas. O Enseada tem outras duas sondas da Sete encomendadas em parceria com a OAS. Há mais 13 a cargo de outros estaleiros. A
retirada das quatro sondas do portfólio da Sete foi necessário "para
ajustar o risco" à capacidade de financiamento, de acordo com um
executivo envolvido nas negociações. O entendimento é que, se tirar mais sondas da Sete Brasil, "o projeto desequilibra".
A OOG informou, em nota, que "participa de esforço conjunto com o
estaleiro Enseada e um de seus acionistas, a Kawasaki, para viabilizar a
continuidade do projeto da construção de quatro sondas encomendadas
pela Sete Brasil", da qual é minoritária. Procuradas, a Sete Brasil e a Petrobras não quiseram comentar o assunto.
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