O Egito cortou tarifas para alguns navios que cruzam o Canal de Suez, buscando reativar a rota comercial crucial depois que os Estados Unidos anunciaram um cessar-fogo com os rebeldes Houthi do Iêmen, que atacaram navios internacionais no Mar Vermelho. Porta-contêineres com capacidade líquida de pelo menos 130.000 toneladas, carregados ou vazios, poderão pagar 15% menos para transitar pela hidrovia por um período de 90 dias, anunciou a Autoridade do Canal de Suez (SCA) nessa semana.
A medida, que entrará em vigor em 15 de maio, visa incentivar as companhias marítimas a retornarem ao canal, dada a relativa estabilidade na região do Mar Vermelho, disse a SCA em um comunicado. Restaurar o tráfego na rota mais curta entre a Ásia e a Europa é crucial para o Egito, cuja receita da hidrovia foi cortada em mais da metade em mais de 18 meses de conflito. Em dezembro, o presidente egípcio Abdel-Fattah El-Sisi estimou as perdas em cerca de US$ 7 bilhões.
Já o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na semana passada que ordenou a interrupção da campanha de bombardeios contra os Houthis depois que eles concordaram em parar de atacar navios de guerra e embarcações comerciais dos EUA. Os Houthis pareceram confirmar o acordo mediado por Omã, embora tenham deixado claro que a agressão contra Israel, um aliado dos EUA, continuaria.
As travessias diárias pelo Canal de Suez tiveram uma média de 34 embarcações no mês passado, acima das cerca de 77 em abril de 2023, de acordo com dados do PortWatch. No entanto, o tráfego caiu 50% ao ano em 2024, e a receita, 60%, de acordo com uma declaração recente do presidente e CEO da SCA, Osama Rabie.
“A semana passada (semana 19) registrou o menor trânsito pelo Canal de Suez desde meados de fevereiro, com o segmento de granéis sendo o mais afetado. No entanto, os recentes acontecimentos políticos oferecem motivos para otimismo”, escreveu Peter Sand, analista-chefe da Xeneta.
Não está claro se ou quando os armadores voltarão a usar o canal nos níveis pré-conflito, especialmente considerando que a durabilidade da trégua entre os Estados Unidos e os Houthis ainda não foi testada. O CEO da Maersk, Vincent Clerc, disse na semana passada que a região está "muito longe de ser segura para o transporte marítimo no futuro próximo".
Enquanto isso, Rabie explicou que se reuniu recentemente com representantes de 25 companhias marítimas e agências de navegação que solicitaram incentivos temporários para compensar o aumento dos custos de seguro para embarcações que operam no que eles consideram uma área de alto risco. “Eles estão esperando o dia em que poderão retornar ao Mar Vermelho e ao canal, mas ainda há preocupação de que um navio possa ser atingido [por um projétil] ou que alguém possa ficar ferido”, disse Rabie.

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