terça-feira, 6 de maio de 2025

Autoridades chinesas dificultam venda de operações portuárias da CK Hutchison à Blackrock


 

A venda dos US$ 23 bilhões em negócios portuários internacionais da CK Hutchison Holdings Limited está enfrentando crescente escrutínio das autoridades reguladoras chinesas, adicionando uma camada de complexidade a uma das transações logísticas mais significativas dos últimos anos. O acordo inclui a transferência de 43 terminais portuários, distribuídos na Ásia, Austrália, Europa e Américas, excluindo as operações na China continental.

Entre os ativos mais sensíveis estão os portos de Balboa e Cristóbal, pertencentes à subsidiária da CK Hutchison, Panama Ports Company (PPC), estrategicamente localizados ao longo do Canal do Panamá. A operação está sendo liderada por um consórcio formado pela BlackRock e pela Terminal Investment Ltd. (TiL), o braço portuário da MSC. A Administração Estatal de Regulamentação de Mercado da China (SAMR) alertou publicamente a CK Hutchison e as partes envolvidas de que a transação deve ser revisada de acordo com a Lei Antimonopólio.

Segundo essa regulamentação, transações de "concentração" — incluindo fusões, aquisições de ativos ou controle por meio de acordos — não podem ser realizadas sem aprovação prévia. "Estamos profundamente preocupados com a transação. As partes não devem implementar nenhuma parte do acordo sem autorização", disse um porta-voz da agência. Essa posição foi apoiada pelo Ministério das Relações Exteriores da China, que pediu para manter "comunicação total" com as agências relevantes e agir com "prudência".

Embora o governo chinês tenha declarado que não tem objeções à venda de ativos fora do Canal do Panamá, deixou claro seu interesse em garantir que o processo esteja em conformidade com as regras atuais. Especulações em torno da venda A CK Hutchison, sediada em Hong Kong, anunciou no início deste ano sua intenção de alienar 80% de seus ativos portuários internacionais.

Este item gerou uma receita de aproximadamente US$ 608 milhões em 2024, com um EBITDA de aproximadamente US$ 210 milhões, representando um crescimento de 11% e 18% em relação ao ano anterior. Esse desempenho foi impulsionado por um aumento de 10% nos volumes de contêineres movimentados na Ásia, Austrália e outras regiões, bem como um aumento de 6% na Europa, especialmente no Reino Unido e em Barcelona. Em termos de estrutura, o acordo inicial estipulava que a BlackRock adquiriria os dois ativos panamenhos enquanto a TiL ficaria com o restante.

No entanto, a família Aponte — proprietária da MSC — teria apresentado uma alternativa: um acordo tripartite no qual a TiL adquiriria 70% dos ativos, a BlackRock 20% e a CK Hutchison manteria uma participação minoritária de 10%. Além disso, a operação poderia desencadear outros movimentos estratégicos. A PSA International, operadora portuária de Cingapura, está considerando vender sua participação de 20% na CK Hutchison, adquirida em 2006 por US$ 4,4 bilhões.

O resultado desta venda pode depender diretamente do resultado das negociações exclusivas em andamento entre a CK Hutchison e o consórcio comprador, que têm um prazo de 145 dias. A China procura preservar a sua influência Além da complexidade legal e regulatória, o acordo reflete uma reconfiguração do setor logístico global, no qual grandes operadores buscam consolidar rotas estratégicas e melhorar a eficiência operacional por meio de economias de escala.

A reação da China introduz um fator adicional de incerteza, especialmente devido ao seu crescente interesse em preservar sua influência sobre infraestrutura crítica e impedir que terceiros adquiram posições dominantes sem seu consentimento explícito. Enquanto o mercado observa atentamente, o resultado desta transação pode abrir um precedente para futuras transações transnacionais no setor portuário. Por enquanto, as partes envolvidas terão que equilibrar a atratividade financeira do acordo com a necessidade de navegar em um ambiente regulatório cada vez mais exigente.

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