sexta-feira, 16 de maio de 2025

China eleva participação no setor portuário e logístico brasileiro para reduzir dependência de produtos dos EUA


 

Autoridades chinesas anunciam que podem reduzir as importações de produtos agrícolas dos EUA e ainda atingir sua meta de crescimento de 5% neste ano. O Brasil e, em menor grau, a Argentina — preencheria a lacuna, dizem analistas. Nesse sentido, o porto de Santos se encaixa no plano mais amplo do país asiático de garantir acesso à riqueza agrícola da América do Sul, em meio à escassez de água e terras aráveis ​​em seu próprio país, relata o WSJ.

Empresas chinesas também estão construindo centenas de quilômetros de ferrovias no coração agrícola do Brasil e concluindo o porto de águas profundas de Chancay, na costa do Pacífico do Peru, avaliado em US$ 3,5 bilhões. Pequim também discute com governos regionais a possibilidade de criar uma ferrovia que vá da costa do Pacífico do Peru até os portos atlânticos do Brasil.

O porto de Santos (foto) é a principal porta de entrada para as exportações sul-americanas de soja e outros produtos agrícolas, representando a única fonte alternativa viável de fornecimento da China às exportações dos EUA. Embora a China tenha reduzido sua dependência de alimentos americanos, as safras continuam entre as principais exportações dos Estados Unidos para a China.

Nesse contexto, o conglomerado agrícola estatal chinês Cofco está construindo seu maior terminal de exportação fora da China no porto de Santos para movimentar embarques de milho, açúcar e soja. Em março de 2022, a Cofco garantiu uma concessão de 25 anos para desenvolver o terminal STS11 no Porto de Santos, comprometendo-se a investir aproximadamente US$ 285 milhões no local.

O conglomerado portuário estatal chinês China Merchants Port Holdings já havia adquirido uma participação de 90% na operadora portuária de Paranaguá em 2017 por US$ 925 milhões. A estatal China Railway também está construindo parte de uma ferrovia conectando o cinturão agrícola central do Brasil com portos no leste e norte do país.

Em 2023, o Brasil foi responsável por cerca de um quarto das importações agrícolas da China, enquanto a participação dos Estados Unidos caiu para cerca de 14%, mostram dados do governo. O Brasil atualmente fornece cerca de 70% dos embarques de soja para a China. Cerca de 30% passa por Santos, e uma proporção menor é enviada por Paranaguá e pelos portos do norte de Itaqui e Barcarena.

Diante dessa situação, o complexo santista mal consegue se manter. No ano passado, o porto movimentou um recorde de 180 milhões de toneladas de carga, 60% das quais eram produtos agrícolas. Além disso, mais de 90% da capacidade portuária brasileira para exportação de granéis agrícolas está em uso, superando o limite de segurança operacional de 85%, segundo a consultoria de logística Macroinfra.

 

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