A Comissão Estadual de Controle Ambiental (Ceca), vinculada à
Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro, suspendeu por 15
dias as atividades de dragagem no Porto de Sepetiba, para aprofundar as
investigações sobre a mortandade de botos na região.
Falando hoje (24) à Agência Brasil, o presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marcus Lima, informou que a medida atende recomendação
do Ministério Público Federal no estado (MPF-RJ) e foi tomada por
precaução, uma vez que não há, até agora, dados que comprovem que a
mortandade dos botos é causada pela atividade de dragagem.
A Ceca
é um colegiado multidisciplinar, com vários representantes da
sociedade, que decide pela concessão de licenças para dragagem no
estado, entre outros assuntos ligados ao meio ambiente. O Inea analisa e
envia à Comissão os pedidos de licença que são concedidos ou não pelo
órgão, explicou Marcus Lima.
Ao
receber a recomendação do MPF-RJ, o Inea encaminhou o documento ao
Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (Uerj), conhecido como Instituto Maqua, de
notório saber sobre cetáceos, para saber se existia de fato alguma
relação de causa e efeito entre a mortandade dos botos e a atividade de
dragagem.
Considerando a urgência do tema, o Maqua elaborou parecer confirmando que a morte dos botos é resultado de uma doença
conhecida como morbilivirose. “Eles mandaram um laudo para a gente,
confirmando que a morte [dos botos] é em função de um vírus”.
Em
relação à dragagem, o laboratório informou que qualquer atividade que
perturbe de alguma forma o ambiente marinho, em tese poderia causar
algum estresse para as populações de peixes. “Em tese, há a
possibilidade de que a redução das fontes de estresse para os animais
nesses locais pode minimizar o efeito do vírus. Mas não existe uma
comprovação técnica de que vai funcionar”. Lima admitiu que esse vírus
vai, com certeza, matar mais botos do que os 170 que já morreram até
agora.
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