O volume de recursos desembolsados pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2017 foi de R$ 70,751
bilhões, o que representou uma queda de 20% em comparação ao montante
desembolsado no ano anterior. Os dados, divulgados hoje (30), mostram
que o setor da indústria obteve em desembolsos R$ 15 bilhões em 2017,
uma queda de 50% em relação ao ano anterior.
“São números muito
fortes e que refletem o nível agudo da recessão que nós sofremos. Nós
tivemos uma doença grave na nossa macro economia, na economia do país e
já estamos convalescendo, mas não devemos abusar, no sentido que os
últimos números do nosso exame médico ainda apontam números vermelhos”,
disse o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro (foto).
Além da
indústria, o setor de comércio e serviços teve queda de 21% nos
desembolsos do banco. Agropecuária teve aumento de 3% e infraestrutura,
de 4%.
Sobre a distribuição geográfica dos desembolsos, a única
região que obteve aumento foi o Nordeste, com alta de 24%. No entanto,
as regiões Norte, Sudeste, Sul e Centro-Oeste sofreram quedas de 16%,
33%, 21%, e 18% respectivamente. “Nós não estamos como um balão apagado,
nós só voltamos a patamares de períodos históricos mais difíceis, mas
vamos sair dele”, disse o presidente do BNDES.
Em relação ao
porte, as grande empresas obtiveram um volume 33% menor de desembolsos
em 2017 em relação ao ano anterior. As empresas médias, ao contrário,
tiveram aumento de 98%. As pequenas empresas tiveram acréscimo de 10%.
Já as micro-empresas sofreram queda de 35%.
“Parte do desempenho
expressivo das MPME [micro, pequenas e médias empreses] no BNDES deve-se
ao financiamento a capital de giro, que o banco intensificou no ano
passado para ajudar as empresas, sobretudo de menor porte, a atravessar o
momento de crise”, destacou o banco, em nota.
O
presidente do BNDES voltou a pedir que o governo autorize o banco a
emitir letras de crédito imobiliários e agrícolas para compensar a
devolução de R$ 130 bilhões que o BNDES terá de fazer ao Tesouro em
2018.
“Nos temos que meditar que nossa missão principal é de
investimentos. E como é de investimentos, nós temos que buscar fundos
alternativos que reponham o caixa dessa vultosa devolução. E são essas
letras imobiliárias, agrícolas. O banco tem todas as condições de fazer
isso, mas não tem autorização. Nós estamos pedindo é que a caneta do
governo funcione para nos compensar pela dificuldade imprevista que nós
vamos assumir que é essa devolução antecipada”, disse.
Castro
ainda queixou-se de o BNDES ser obrigado a pagar imposto de renda e
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). “O BNDES paga vultosos
recursos de imposto de renda e IOF. Na conta, o banco tem cedido mais
recursos ao acionista [governo federal] do que o acionista dado para
capitalizar o banco. O banco está de parabéns e o acionista tem que
botar um pouco a cabeça no travesseiro”.
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