A Companhia
Docas do Estado de São Paulo (Codesp) revelou que pretende utilizar o Cais do
Valongo para a operação portuária, descartando projetos de revitalização da
área histórica. Quase um ano após a assinatura do Termo de Ajustamento de
Conduta (TAC) que previa a recuperação dos armazéns 1 ao 4 e a demolição dos
galpões 5 ao 8, não há registros do documento na sede da Autoridade
Portuária.
A assinatura do TAC aconteceu em
abril do ano passado, em solenidade que contou com a participação do
ex-presidente da Codesp José Alex Oliva, preso pela Polícia Federal na Operação
Tritão, e do promotor de Justiça de Urbanismo e Meio Ambiente do Ministério
Público do Estado (MPE) em Santos, Daury de Paula Júnior. O documento previa um
prazo de 120 dias para o início dos trabalhos de demolição e restauração. A
ideia era implantar no local um complexo de lazer e turismo.
A demolição e a restauração dos
armazéns faziam parte da primeira etapa do projeto de revitalização da área
mais degradada do Valongo. A intenção era elaborar estudos para definir uma
solução viável técnica e economicamente, diferente das demais apresentadas nos
últimos 15 anos.
O prazo para a conclusão dos
trabalhos era de um ano. Porém, essas metas nunca saíram do papel. Apesar
do anúncio oficial, segundo o diretor-presidente da Codesp, Casemiro Tércio
Carvalho, não há registros desse TAC na Autoridade Portuária. Por esse motivo,
o documento não é reconhecido pela nova diretoria da Docas.
A ideia de Carvalho, agora, é
negociar com a Prefeitura de Santos e com o MPE uma nova destinação para a
região mais antiga do Porto de Santos. No entanto, o plano não leva em conta a
implantação de um equipamento turístico naquela área.
“A gente entende que a vocação do
Valongo é portuária. Há vários projetos e vamos discutir com a Cidade e com o
Ministério Público que nós podemos fazer equipamento cultural e resgatar o
histórico do Município de outra forma e em outro local que não passa pelo
Valongo”, afirmou o presidente da Codesp.
Questionado sobre o tipo de cargas a
serem movimentadas no Cais do Valongo, Carvalho destacou a necessidade de
garantir infraestrutura portuária para qualquer tipo de operação. O presidente
da Codesp também afirmou que há um laudo indicando que não há como revitalizar
a área.
“O mais importante é viabilizar o
equipamento portuário, a área e a atracação. O que vai em cima de carga, o
mercado diz. Esse é um ponto importante: a Autoridade Portuária é uma gestora
de infraestrutura portuária, de armazenagem, movimentação, acesso rodoviário,
ferroviário, dutoviário e acesso aquaviário. Se a gente cuidar bem desse
sistema, a carga vem”, destacou Carvalho.
Procurado pela Reportagem, o prefeito
de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), ainda não havia sido comunicado
sobre o plano de operar cargas no Valongo. Porém, a Codesp e a Prefeitura
pretendem se reunir após o feriado do Carnaval para discutir o assunto. “A
questão dos armazéns do Valongo, sem dúvida alguma, a proposta, o projeto e a
perspectiva são de uma ocupação voltada ao turismo, à vocação turística da Cidade.
Alguns trechos evidentemente podem ser utilizados para o Porto, para melhorar,
por exemplo, segurança, infraestrutura, mas predominantemente a vocação é
turística”, destacou o prefeito de Santos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário