"O
comércio exterior brasileiro está a reboque de outras políticas; ele não é
protagonista. Ao contrário, é um mero coadjuvante”, disse à Agência Brasil o
presidente da Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de
Castro. A AEB lançou nesta segunda-feira (16), na Confederação Nacional do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no Rio de Janeiro, o Encontro
Nacional de Comércio Exterior (Enaex), cujo tema será “Desafios para um
comércio exterior competitivo”. O evento vai ocorrer nos dias 15 e 16 de agosto
próximo, no Centro de Convenções SulAmérica, na capital fluminense.
Castro afirmou que o resultado de
superávits comerciais da balança comercial decorre das commodities
(produtos agrícolas e minerais comercializados no exterior) e não de produtos
manufaturados. Segundo o presidente da AEB, as exportações de manufaturados que
o Brasil apresenta nos últimos três anos são menores do que aquelas que o país
teve em 2007. E a expectativa para 2018 é a mesma.
De acordo com Castro, a guerra
comercial que se observa no mercado internacional atualmente vai afetar as commodities,
o que sinaliza que o Brasil deverá ter um volume menor de exportação e também
de importação este ano, em função da revisão do Produto Interno Bruto (PIB), no
mercado interno. Castro reiterou que o comércio exterior do país, hoje, carece
de uma política específica e de uma integração entre todos os ministérios,
mostrando a real importância desse segmento para a economia.
“Nós estamos estacionados no 25º
lugar entre os maiores países exportadores e não saímos desse lugar. Quem é a
sétima ou oitava economia mundial não pode se contentar com uma 25ª posição”,
disse Castro. Ele acredita que o Enaex será o ambiente para que ministros de Estado
se reúnam com entidades e empresários do setor e percebam a importância do
comércio exterior para o Brasil.
Para o presidente da AEB, o comércio
exterior é uma forma estratégica de se compensar mercados distintos em
eventuais épocas de crise e, ao mesmo tempo, se inserir no mundo comercial,
porque, hoje, o Brasil está fora das cadeias globais de valor. “E nós
precisamos participar dessas cadeias porque, senão, nós vamos nos transformar
em um mero exportador de commodities”. O Brasil precisa alcançar mercados
maiores e mais atrativos, apontou.
De acordo com o presidente da AEB, os
exportadores não estão falando de taxa de câmbio, que é uma variável sobre a
qual não se tem controle. Eles querem reduzir custos de modo a tornar o produto
nacional competitivo. Essa redução de custos passa pelas reformas estruturais,
trabalhista, previdenciária, tributária, investimento maciço em infraestrutura
e redução das burocracias. “O Brasil é um país caro atualmente”.
Castro disse que a nova perspectiva
em relação ao comércio exterior será exigida do futuro presidente da República,
qualquer que seja ele. “Que ele passe a olhar o comércio exterior de uma forma
diferenciada”, disse.
Em conversa com as equipes econômicas
dos pré-candidatos à Presidência, castro disse que a AEB percebeu que há boa
intenção em relação ao comércio externo do Brasil, mas nada de concreto, por
enquanto. “A gente quer que de fato seja uma iniciativa concreta e não apenas
uma boa intenção”.
Castro avaliou que ainda está
distante o dia em que o Brasil vai passar a exportar mais manufaturados, de
maior valor agregado. O principal mercado do Brasil atualmente é a América do
Sul, que compra 40% de tudo que o país exporta de manufaturados. Mas o potencial
do continente é limitado, porque representa apenas 4% das importações mundiais.
O presidente da AEB brincou que o
futuro do Brasil é o passado. Na sua avaliação, é preciso retornar a patamares
de 2011, por exemplo, quando as exportações brasileiras atingiram US$ 256
bilhões, ou de 2007, quando somente as exportações de manufaturados alcançaram
US$ 92 bilhões.
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