A Santos
Brasil, quatro anos depois de ter o contrato de arrendamento prorrogado pelo
Governo Federal até 2047, começou a acelerar seu projeto de expansão e
modernização do cais do Tecon Santos, estimado em R$ 1,5 bilhão. A empresa
anunciou que, neste ano, serão investidos R$ 150 milhões e, em 2020, R$ 250
milhões, em obra que ampliará em 20% a capacidade de movimentação do terminal,
dos atuais 2 milhões para 2,4 milhões de contêineres.
A autorização para início das obras
foi dada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) em dezembro
do ano passado. Com o sinal verde, a empresa - na qual os fundos do
Opportunity, de Daniel Dantas, têm 51% de participação - teve condições de se
mobilizar para o início das obras. Desta vez, a construtora Axxo foi contratada
para levantar o empreendimento que vai demorar dois anos para ser concluído.
O objetivo é preparar o terminal para
receber embarcações de 366 metros de comprimento e 52 metros de largura, como
os novos navios Panamax, que conseguem carregar até 14 mil contêineres. Para se
adequar às novas embarcações, a Santos Brasil vai ampliar o cais de 980 metros
para 1,2 mil metros. Só essa obra possibilitará a atracação simultânea de três
novos navios Panamax. Além disso, será necessário fazer o aprofundamento dos
berços do terminal de 13,7 metros para 16 metros.
"Há uma perspectiva grande de mudança no setor
com o aumento do tamanho dos navios. Hoje, os terminais buscam ser concentradores
de grandes embarcações, que exigem calado maior", diz o consultor Nelson
Carlini, ex-presidente da empresa de transporte marítimo CMA CGM. Na avaliação
dele, a expansão do Tecon Santos, além de ser uma obrigação, visa fazer frente
à concorrência.
Nos últimos anos, além da crise
econômica, a Santos Brasil dividiu a liderança do maior porto do Brasil com a
Brasil Terminal Portuário (BTP) - joint venture os grupos APM Terminals e a
Terminal Investment Limited (TIL). Além disso, houve a entrada de outro
terminal de contêiner importante, que foi a Embraport. "Tudo isso fez com
que a dinâmica do porto mudasse", reconhece presidente da Santos Brasil,
Antônio Carlos Sepúlveda.
Segundo ele, durante a crise
econômica, a movimentação de contêineres chegou a cair abaixo de 1,3 milhão de
contêineres por ano - menos que os 1,7 milhão de 2013. Mas, neste ano, mesmo
com uma reação tímida da economia, o terminal deve voltar a crescer. A
expectativa é que chegue a 1,8 milhão de contêineres ao fim de 2019. "Por
isso, estamos nos preparado para quando a demanda voltar."
A companhia, além da expansão do
cais, aposta no processo de automação do terminal, que já em andamento. Todas
as fases da operação, do recebimento das mercadorias ao abastecimento do navio,
serão automatizados, afirma o executivo. Sepúlveda disse que a empresa tem
recursos em caixa para os próximos investimentos. No primeiro semestre, a
companhia fez captação de R$ 300 milhões, o que elevou o caixa para cerca de R$
500 milhões. "Temos espaço para buscar recursos no mercado, pois nosso
nível de endividamento é baixo", afirma ele.
Para Carlini, apesar do movimento
mais fraco do comércio exterior brasileiro, os volumes vão voltar a crescer
quando os últimos acordos comerciais firmados forem efetivados. "O setor
não está em tempos gloriosos, mas os terminais estão operando com lucro,"
explicou ele.
Além da operação portuária, uma das
apostas do Santos Brasil é o setor de logística, que já representa 30% de seu
faturamento. O grupo começou a atuar no segmento em 2008, quando comprou a
empresa de transporte Mesquita. "Hoje temos terminal em Santos, no Guarujá
e um centro de distribuição em São Bernardo do Campo", diz Sepúlveda. "Queremos
aumentar nosso faturamento com o serviço de logística porta a porta. Em três
anos, o objetivo é que a participação alcance 50% das receitas."
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