Refletindo a crise da
Argentina e o final dos embarques da temporada de Alto Verão, as exportações de
calçados caíram pelo segundo mês consecutivo. Após cair 9,4% em março, em abril
o tombo da receita gerada foi ainda maior, de 17,7% na relação com o mesmo mês
do ano passado. Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de
Calçados (Abicalçados) apontam que no mês quatro foram embarcados 9,12 milhões
de pares por US$ 76,66 milhões. Em volume a queda foi de 7,6% na mesma relação.
Com o resultado, no quadrimestre, as exportações somaram 44,16 milhões de pares
embarcados, que geraram US$ 343,8 milhões, incremento de 9,4% em volume e queda
de 0,1% em receita no comparativo com igual período de 2018.
O presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, avalia que o comportamento
pode ser explicado, em maior parte, pelo efeito da crise na Argentina. “A crise
no país vizinho, nosso segundo principal destino no exterior, vem afetando as
exportações de calçados brasileiros desde o segundo semestre do ano passado.
Somente em abril, a revés foi de quase 50%, o que teve um reflexo de mais de
10% de queda nos números gerais”, comenta. No quadrimestre, a Argentina
importou 2,5 milhões de pares verde-amarelos por US$ 32 milhões, quedas de
33,1% e de 45,1%, respectivamente, na relação com igual ínterim do ano passado.
Além do efeito Argentina, Klein ressalta que o fim dos embarques da temporada
Alto Verão também afetaram negativamente o desempenho. “Os calçados de borracha
ou injetados, as sandálias praianas, são pautas fortes das nossas exportações.
Se desconsiderássemos os resultados desse segmento, as exportações totais
teriam crescido 3,7%, em abril”, explica.
Os efeitos da guerra comercial instalada entre Estados Unidos e China seguem
refletindo positivamente nos embarques. Mudando, gradualmente, a matriz de
fornecedores da Ásia para outros países, com receio de criação de taxas extras,
os norte-americanos vêm aumentando suas importações de calçados brasileiros
desde o ano passado. No quadrimestre, foram embarcados para os Estados
Unidos 4,8 milhões de pares, que geraram US$ 69,8 milhões, incremento tanto em
pares (26,8%) quanto em valores (37,1%) na relação com igual período do ano
passado.
A principal origem das exportações brasileiras de calçados segue sendo o Rio
Grande do Sul. No quadrimestre, os gaúchos embarcaram 10,25 milhões de pares
por US$ 152,24 milhões, incremento de 7,3% em volume e queda de 1,1% em receita
em relação ao mesmo período de 2018.
O segundo maior exportador do período foi o Ceará. Nos quatro meses, os
cearenses embarcaram 16,88 milhões de pares, que geraram US$ 96,9 milhões,
incremento tanto em volume (5,9%) quanto em receita (9,8%) no comparativo com
igual intervalo do ano passado.
Mesmo amargando queda de 4,4% na receita gerada pelos embarques no
quadrimestre, São Paulo foi o quarto maior exportador do período. Nos quatro
meses, os paulistas somaram 2,6 milhões de pares embarcados por US$ 35,18
milhões. Em pares, o incremento foi de 15,2% em relação a 2018,
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