O
presidente dos Correios, Carlos Roberto Fortner, disse nesta quinta-feira, 30,
acreditar que a empresa transportadora de cargas que a estatal planeja criar em
parceria com a companhia aérea Azul começará a operar ainda este ano, em
caráter experimental. A empresa aérea informa que atende a mais de 100 destinos
em todo o país. Já os Correios estão presentes em 5.570 cidades brasileiras.
“Espero começarmos as primeiras
operações ainda em novembro ou dezembro”, estimou Fortner, minimizando os
possíveis efeitos do pouco tempo restante até o fim do ano e do encerramento de
mandato do atual governo, além do período eleitoral. “Não é por causa do
momento da vida política que uma empresa como os Correios tem que esperar.
Temos que tocar a vida”, afirmou.
A expectativa inicial, anunciada em
dezembro de 2017, era de que a nova empresa privada de logística começasse a
funcionar durante o primeiro semestre deste ano. Conforme anunciado em
dezembro, a Azul terá participação de 50,1% e os Correios de 49,99%. A previsão
é de que a empresa comece com um movimento de cerca de 100 mil toneladas de
cargas por ano.
“Será uma empresa nova, uma joint
venture [uma parceria entre duas empresas], resultante da parceria entre Azul e
Correios. Em mais ou menos um mês e meio deveremos ter uma deliberação do Cade
[Conselho Administrativo de Defesa Econômica] e poderemos assinar os contratos
e começar os primeiros testes operacionais, com o aumento gradual da
transferência de nossas cargas para a nova empresa”, acrescentou Fortner.
A assessoria do Cade informou que não
é possível prever quando a análise do ato de concentração, protocolado pelas
empresas no último dia 8, será concluída. Legalmente, o Cade tem até 240 dias
para se manifestar, prazo que pode ser prorrogado por mais 90 dias.
Nos casos em que a Superintendência-Geral
do conselho não constata risco à concorrência, o negócio pode ser aprovado sem
ser submetido aos conselheiros – reduzindo o tempo médio da análise para cerca
de 30 dias. Se concluir que há risco concorrencial, a superintendência
encaminha ao tribunal uma sugestão de medidas a serem adotadas pelos
interessados em viabilizar o acordo ou com recomendação para que os
conselheiros reprovem o projeto.
A Azul não quis se pronunciar sobre
as declarações do presidente dos Correios. Em comunicado divulgado em dezembro
de 2017, a companhia aérea afirmou que o início das atividades da empresa, após
aprovação pelos órgãos competentes, resultará em economia de custos, maior
eficiência operacional e ganho de receitas para as duas companhias, proporcionando
melhorias na oferta de serviços prestados aos consumidores.
Segundo Fortner, os serviços serão
executados por funcionários da nova empresa, que poderá, inclusive, recontratar
empregados que queiram se desligar dos Correios para passar a trabalhar na nova
companhia. “Isto, no entanto, é algo que ainda vamos estruturar melhor após a
[eventual] aprovação do Cade e a conclusão dos trâmites burocráticos
necessários à estruturação societária”, explicou.
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