O investimento
estrangeiro no setor produtivo do país caiu 30% em janeiro, na comparação com
igual período de 2018. No mês passado, o investimento direto no país (IDP)
chegou a US$ 5,866 bilhões. Em igual mês de 2018, esses investimentos
somaram US$ 8,363 bilhões. Os dados foram divulgados nesta
segunda-feira (25) pelo Banco Central (BC).
Em janeiro, esses investimentos não
foram suficientes para cobrir o resultado negativo das contas externas. Quando
o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o
déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de
financiamento do saldo negativo é o IDP, porque recursos são aplicados no setor
produtivo. O déficit em transações correntes (compras e vendas de mercadorias e
serviços e transferências de renda do país com outras nações) chegou a US$
6,548 bilhões, o de janeiro de 2018: US$ 6,293 bilhões.
Para o chefe do Departamento de
Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o resultado do mês passado, com IDP
inferior aos déficits das transações correntes, é “pontual”. Segundo ele,
pode ter havido uma antecipação de fluxos de IDP no segundo semestre
de 2018, quando houve aceleração desses investimentos. Além disso, Rocha
destacou que os dados preliminares deste mês indicam aumento da entrada desses
recursos. Em fevereiro, até o dia 21, o IDP chegou a US$ 5,7 bilhões, com
estimativa de US$ 7 bilhões para o mês. A previsão do BC para o déficit em conta
corrente neste mês é de US$ 2,2 bilhões.
O investimento estrangeiro em ações e
fundos de investimento chegou a US$ 3,664 bilhões e nos títulos de renda fixa,
a US$ 3,060 bilhões, totalizando os dois US$ 6,724 bilhões, em janeiro. Segundo
Rocha, no primeiro mês do ano, houve retorno dos investimentos desse tipo que
haviam saído em dezembro, no total de US$ 4,547 bilhões. Os dados
preliminares de fevereiro, até o dia 21, mostram saída de US$ 1,331 bilhão
em ações e fundos de investimentos e entrada de US$ 7,174 bilhões, em títulos
de renda fixa.
Segundo Rocha, o resultado das contas
externas é influenciado pela redução do superávit comercial, com maior
crescimento das importações do que das exportações. “Há maior demanda interna
por bens importados que é consistente com a retomada da economia”, disse Rocha.
Em janeiro, o superávit comercial ficou em US$ 1,633 bilhão, ante US$ 2,4
bilhões em igual mês de 2018.
Outra explicação é a redução na
demanda por serviços, principalmente os gastos em viagens internacionais. Rocha
lembrou que isso acontece por influência do dólar mais caro neste ano. Em
janeiro de 2019, a taxa média de câmbio ficou em R$ 3,74, enquanto no mesmo mês
de 2018 era R$ 3,22. Em janeiro deste ano, os gastos de brasileiros no
exterior ficaram em US$ 1,689 bilhão, enquanto no mesmo período de 2018 estavam
em US$ 2,002 bilhões. A conta de viagens, considerados os gastos de brasileiros
no exterior e as receitas de estrangeiros no Brasil fechou o mês negativa em
US$ 986 milhões.
No setor de serviços, também houve
bastante influência do segmento de aluguel de equipamentos, com saldo negativo
(despesas maiores que as receitas) de US$ 864 milhões, em janeiro, contra o
déficit de US$ 1,239 bilhão, no mesmo período de 2018. Isso é explicado pelo
novo Repetro (regime especial que suspende os tributos cobrados sobre bens
destinados a atividades de exploração de petróleo e gás natural). No novo
programa, as empresas não são mais beneficiadas com a exportação de plataformas
de petróleo. Segundo Rocha, com o Repetro anterior, era comum as empresas no
Brasil alugarem os bens exportados. “Com o novo Repetro e o fim da exigência de
exportações, várias empresas estão importando para adicionar no seu estoque de
capital doméstico”, explicou Rocha.
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